Ex-paramilitar assume ter subornado autoridades colombianas

Segundo Mancuso, subornados pertencem às Forças Armadas e à Procuradoria Geral

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Por redacao
Atualização:

As Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC) pagaram cerca de 82 bilhões de pesos (US$ 42,7 bilhões) em subornos a autoridades do país. O caso foi revelado por Salvatore Mancuso, ex-chefe máximo da organização paramilitar, em depoimento. Os subornados pertenciam às Forças Armadas, à polícia, ao Departamento Administrativo de Segurança e à Procuradoria Geral, revelou Mancuso. A sua declaração foi divulgada pelo telejornal CM&. "Tínhamos toda a informação", disse o ex-chefe das AUC, que desarmaram mais de 31 mil paramilitares num processo de paz com o governo do presidente Álvaro Uribe, que terminou em meados de 2006. Mancuso atribuiu ao "coronel Danilo González" o contato que forneceu às AUC relatórios de agentes e agências estatais e obteve sua colaboração nas atividades paramilitares e de narcotráfico da organização. A ajuda incluiu pilotos militares e policiais de helicópteros, disse Mancuso, voluntariamente, a um promotor da cidade de Medellín. A investigação faz parte da aplicação da Lei de Justiça e Paz, administrada para o desarmamento das AUC e que exige dos ex-paramilitares a confissão plena e a reparação às vítimas dos seus crimes. "Todos os nossos pilotos eram da ativa da polícia e do Exército, que nos seus turnos de descanso trabalhavam conosco", disse Mancuso. Cada um deles recebia 9 milhões de pesos (quase US$ 4.687) por mês. Assim, as AUC puderam produzir e comercializar 282 toneladas de cocaína. Do total, 32 toneladas foram enviadas de forma direta pelos pilotos ao exterior. A droga tinha como destinos "Haiti, República Dominicana, Porto Rico, México, Nicarágua, Guatemala, Venezuela, Europa, e a maior parte para os Estados Unidos", disse o ex-paramilitar. Mancuso está detido num presídio próximo a Medellín e é um dos nove ex-comandantes das AUC com extradição pedida pelos Estados Unidos.

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