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Ex-premiê é colocada em prisão domiciliar no Paquistão

Benazir Bhuto é impedida de comandar protestos contra presidente Musharraf por estado de exceção no país

Por Reuters e Efe
Atualização:

Autoridades paquistanesas colocaram nesta sexta-feira, 9, a líder oposicionista Benazir Bhutto em prisão domiciliar, a fim de impedir que ela realize seu primeiro comício desde que o presidente Pervez Musharraf impôs um estado de emergência no país, no fim de semana. Veja também: A cronologia do estado de emergência  Explosão na casa de ministro mata quatro Oposição denuncia prisão de simpatizantes  Paquistão promete eleições até fevereiro Segundo o ministro das Ferrovias Rashid Ahmed, "isto é temporário e está sendo feito para impedi-la de ir à reunião". Horas depois, a ex-premiê do Paquistão tentou romper o cordão policial em volta de sua residência em Islamabad. "Saiam da frente. Somos suas irmãs. Meu pai deu a vida por vocês e esta nação", apelou Bhutto à polícia através de um megafone, enquanto seu carro à prova de balas tentava passar. Fehmida Mirza, assessora de Bhutto, disse à Reuters que o veículo, cercado por simpatizantes, conseguiu passar por um obstáculo, mas um ônibus policial bloqueava a estreita via atrás da casa. O governo paquistanês destacou cerca de 6 mil policiais para a cidade de Rawalpindi, a fim de evitar o protesto contra o presidente Pervez Musharraf, convocado pela ex-primeira-ministra Benazir Bhutto. Segundo a BBC, há notícia de que milhares de partidários da líder oposicionista foram detidos em antecipação à manifestação marcada para Rawalpindi, perto de Islamabad. Segundo o PPP, mais de 700 pessoas foram detidas. "Sob nenhuma circunstância a manifestação será permitida. A Lei atuará contra todos que a desafiarem", ameaçou Saud Aziz, chefe da Polícia de Rawalpindi, citado pela rede Geo TV. Cerca de 200 membros das forças de segurança mantêm isolada a residência de Bhutto, líder do Partido Popular do Paquistão (PPP). O chefe da polícia advertiu que até oito militantes suicidas chegaram à cidade antes do protesto marcado para esta sexta-feira. "Naturalmente eles vão ter como alvo grandes concentrações públicas como a que ocorreu em Karachi", disse Aziz à agência de notícias AFP. Bhutto sobreviveu a uma tentativa de assassinato em Karachi no dia 18 de outubro que matou quase 140 pessoas. "Isso é confinamento ilegal. É uma detenção ilegal de uma líder democrática", denunciou o senador Anwar Baigm, também do PPP, em entrevista à Geo TV. "Tentamos convencer Benazir Bhutto a cancelar a manifestação, mas não aceitou. Assim, nossa única opção foi adotar estas restrições", afirmou um comandante policial de Rawalpindi. Os manifestantes convocados por Bhutto pretendiam protestar contra o estado de exceção imposto pelo general Pervez Musharraf no último sábado. Eleições Na quinta-feira, Musharraf prometeu que realizará eleições parlamentares até 15 de fevereiro, horas depois de ser pressionado pelo presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, para realizar o pleito em janeiro, como previsto. Benazir Bhutto considerou o anúncio de Musharraf "vago", e pediu ao general que abra mão de seu papel de chefe militar. "Nós queremos que ele pendure seu uniforme até 15 de novembro", disse a líder oposicionista paquistanesa. Ela disse que vai levar adiante a manifestação em Rawalpindi nesta sexta-feira e depois uma marcha de Lahore para Islamabad no dia 13 de novembro caso Musharraf não ponha fim ao estado de emergência e renuncie ao cargo de chefe do Exército.

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