Ex-presidente da Tunísia e mulher são condenados a 35 anos de prisão

Foragidos da Justiça desde meados de janeiro, Ben Ali e a mulher não estiveram no julgamento

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Por Redação
Atualização:

Atualizada às 17h30

 

TÚNIS - O ex-presidente da Tunísia, Zine al-Abdine Ben Ali, e sua mulher, Leila Trabelsi, foram condenados à revelia nesta segunda-feira, 20, a 35 anos de prisão cada, segundo a AP. Os dois estão refugiados na Arábia Saudita.

 

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Segundo a Reuters, eles foram condenados por roubo e posse ilegal de dinheiro e jóias. Segundo a Al-Jazira, cerca de US$ 27 milhões em dinheiro e jóias foram descobertos em dois palácios de Ben Ali quando ele deixou o país.

 

O juiz também determinou que o casal pague multas no valor total de 91 milhões de dinares tunisinos (US$ 65,6 milhões de dólares).

 

Foragidos da Justiça da Tunísia desde 14 de janeiro, quando deixaram o país e refugiaram-se na Arábia Saudita, o ex-líder e a esposa não estiveram no julgamento, realizado nesta segunda no tribunal de primeira instância da Tunísia, em Túnis.

 

Segundo a Efe, o julgamento ocorreu em ambiente tenso e com grande presença do público dentro e fora da sala.

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Acusações

 

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Ben Ali era acusado de homicídio, abuso de poder, complô contra a segurança do Estado, desvio de recursos e inclusive lavagem de dinheiro, entre outras acusações. A pena poderia ser de cinco anos de prisão à pena de morte.

 

Além da jurisdição civil, Ben Ali deve ainda ser processado diante de um tribunal militar por 35 dos 93 delitos dos quais é acusado, como anunciou há poucos dias o chefe do Governo provisório, Beji Kaid Essebsi.

 

As autoridades transitórias da Tunísia se mobilizaram desde a fuga do ex-líder do país para tentar detê-lo e extraditá-lo. Ben Ali foi o primeiro ditador a cair em face dos protestos no mundo árabe.

 

Rejeição

 

Ben Ali negou todas as acusações, segundo um comunicado divulgado por um de seus advogados no domingo, em Beirute, capital do Líbano. O presidente deposto afirma que nunca teve as quantias de dinheiro encontradas em sua residência, que as armas localizadas são fuzis de caça presentes de chefes de Estado e que jamais usou ou possuiu entorpecentes. No dia 30 uma nova decisão será anunciada pela Justiça do país com relação à posse de drogas e armas.

 

No sábado, o secretário-geral da Ordem dos Advogados da Tunísia, Mohammed Rached Fray, havia anunciado sua rejeição categórica a defender a Ben Ali. Fray foi designado para representar o ex-presidente, mas negou-se e disse que cinco de seus colegas fariam a defesa do acusado.

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Jasmin

 

Os protestos que levaram à queda de Ben Ali começaram em dezembro, depois que o jovem Mohamed Bouazizi ateou fogo ao próprio corpo em Sidi Bouzid para protestar contra os maus-tratos das autoridades locais e da polícia. Ele acabou morrendo.

 

O episódio deu início aos protestos contra o governo que se estenderam como pólvora até a queda do regime de Ben Ali e sua fuga à Arábia Saudita. A revolta, batizada de "a revolução do jasmim", acabou com a morte de ao menos 300 pessoas e serviu de exemplo aos protestos similares em outros países africanos e do Oriente Médio conhecidos como "a primavera árabe".

 

Com AP e Efe

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