31 de julho de 2009 | 19h41
A ex-presidente das Filipinas Corazón Aquino morreu na madrugada deste sábado (hora local) em um hospital de Manila de um problema cardiorrespiratório, informou sua família em comunicado. A vida de Aquino, de 76 anos, por volta de um mês corria sério perigo após a cirurgia à qual foi submetida em junho para a retirada de parte do cólon afetado por um câncer.
Ela foi internada no começo de julho em estado grave na unidade de terapia intensiva de um hospital de Manila e piorou nas últimas horas. Sua filha, a atriz Kristina Bernadette Aquino, advertiu horas antes da morte de que não sabia "quantas horas, dias ou semanas Deus deixará tê-la ainda". "Mas, por favor, rezem comigo para pedir que minha mãe não sofra muita dor", pediu.
Corazón Aquino, que assumiu a Presidência após a deposição em 1986 da ditadura de Ferdinand Marcos, foi hospitalizada inicialmente devido a problemas para ingerir alimentos. Em março, a família Aquino revelou que a ex-dirigente tinha sido diagnosticada com um câncer de cólon, e, por isso, estava sendo submetida a sessões de quimioterapia.
A ex-presidente se transformou na primeira mulher filipina a ocupar a chefia do Estado, após a revolta popular pacífica que depôs a chamada ditadura conjugal de Ferdinand e Imelda Marcos. Membro da família Cojuangco, uma das mais ricas da comunidade sino-filipina, Corazón se casou em 1954 com Benigno Aquino, líder da oposição democrática contra a ditadura de Marcos, com quem teve cinco filhos.
Ferdinand Marcos, eleito presidente das Filipinas em 1965, declarou lei marcial em 1972 e dissolveu o Congresso. Marcos prendeu Benigno Aquino e milhares de oposicionistas, jornalistas e ativistas sem julgamento.
A ex-presidente foi testemunha da "mudança democrática" em 1983, quando o marido foi assassinado no aeroporto de Manila enquanto descia do avião que o trazia de volta do exílio. Sua morte deu força ao movimento que afastou Marcos do poder em 1986 e levou Corazón à presidência, cargo que exerceu até 1992.
Mas Corazón Aquino foi presidente das Filipinas em meio a altas expectativas. Sua reforma agrária não conseguiu acabar com o poder da oligarquia fundiária das Filipinas, da qual fazia parte a sua própria família. A liderança da ex-chefe de Estado, especialmente no comando de reformas sociais e econômicas, não foi forte, o que lhe afastou de muito dos seus antigos aliados.
"Ela era obstinada e tinha um objetivo fixo que era remover todos os vestígios da entrincheirada ditadura Marcos", disse o professor Raúl Pangalangan, ex-reitor da Escola de Direito da Universidade das Filipinas. "Todos nós devemos muito a ela", avalia.
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