O ex-primeiro-ministro do Haiti Yvon Neptune deixou nesta a quinta-feira a prisão, onde esteve por mais de dois anos por seu suposto envolvimento em um massacre em 2004 em Saint-Marc, pouco antes da queda do ex-presidente Jean-Bertrand Aristide. Segundo informações divulgadas pela imprensa local, Neptune se beneficiou de uma "libertação provisória". Neptune deixou a prisão a bordo de uma ambulância da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), ao lado do diretor da Administração Penitenciária Nacional, Marc Wilkens Jean, e em meio a um forte aparato de segurança. Não foi emitido um comunicado oficial sobre a libertação do ex-primeiro-ministro, que se mantinha há um ano e meio em greve de fome. O advogado Mario Joseph, que representa os presos políticos do Partido Lavalas, fundado por Aristide, disse que a liberdade provisória foi concedida a Neptune por "razões humanitárias", e a pedido do procurador de Porto Príncipe. A justiça de Saint-Marc emitiu, em 25 de março de 2004, uma decisão contrária ao ex-primeiro-ministro, no marco das investigações sobre o massacre de Scierie, bairro onde dezenas de pessoas foram mortas entre 9 e 11 de fevereiro de 2004. Neptune foi detido em 27 de junho de 2004, em Porto Príncipe, e entrou em greve de fome em fevereiro de 2005 para exigir sua libertação. O ex-primeiro-ministro compareceu, em 25 de maio de 2005, ao gabinete de instrução de Saint-Marc, para se apresentar ao juiz Cluny Pierre Jules. Ao fim da investigação o ex-primeiro-ministro foi acusado formalmente por sua participação no massacre, assim como outras 29 pessoas, entre elas dois ex-ministros, um ex-Secretário de Estado e uma ex-diretora da Polícia. O estado de Neptune foi tema de discussões no início deste mês, na cúpula da Comunidade do Caribe (Caricom), ocorrida em San Cristóbal. O primeiro-ministro de Santa Lúcia, Kenny Anthony, disse foram pedidas explicações a Préval sobre o encarceramento de Neptune. "Santa Lúcia está preocupada com o fato de Neptune continuar preso", disse Anthony, que pôs em dúvida a legalidade da prisão. "Agora que o Haiti retornou ao campo democrático, esperamos que, apesar das dificuldades, as autoridades do país deveriam ser capazes de assegurar os princípios básicos da lei existente", afirmou Anthony.