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Ex-secretário testemunhará contra o príncipe Charles

Por Agencia Estado
Atualização:

Um ex-secretário e confidente do príncipe Charles testemunhará contra ele em um processo legal no qual podem ser divulgadas as pouco diplomáticas opiniões expressadas pelo herdeiro do trono britânico em assuntos de Estado considerados muito sensíveis. O príncipe de Gales decidiu levar o jornal The Mail on Sunday aos tribunais depois da publicação de extratos de seu diário privado, nos quais ele se referia em termos críticos e depreciativos sobre a devolução de Hong Kong ao chineses e personagens do regime comunista chinês. Segundo o jornal The Times, Mark Bolland, de 39 anos, que foi durante sete anos vice-secretário do príncipe e deixou o posto em 2003, apresentará ao tribunal uma declaração que reflete as opiniões do filho de Elizabeth II sobre o governo chinês. O testemunho de Bolland contra Charles é surpreendente porque o ex-secretário teve um papel-chave em vários episódios da vida do herdeiro do trono britânico. Foi uma das pessoas de toda confiança que acompanhou Charles a Paris para repatriar o corpo de sua ex-mulher, a princesa Diana de Gales, morta em um acidente automobilístico na capital francesa. Bolland teve, além disso, um papel-chave na hora de preparar o público britânico para o novo casamento do príncipe de Gales com aquela que tinha sido sua amante durante muitos anos, Camilla Parker Bowles. Os advogados do jornal The Mail on Sunday pediram ao Alto Tribunal britânico que ordene à Casa do Príncipe a publicação de fragmentos do diário de Charles que revelam seus pensamentos sobre temas sociais e políticos. O príncipe de Gales, que processou o periódico por violação de "direitos autorais" e de confidencialidade, tinha por costume copiar o material do diário e distribuí-lo entre um grupo de 30 a 50 amigos. O artigo, cuja publicação na imprensa motivou sua ira, estava baseado em extratos do diário, nos quais o príncipe, que representou Elizabeth II na cerimônia de devolução de Hong Kong à China, descrevia os diplomatas chineses como "espantosos velhos de cera". No testemunho que apresentará ao tribunal, o ex-secretário contradiz a afirmação do príncipe de que suas opiniões sobre a China tinham caráter privado e confidencial. Em 1999, Charles manifestou seu desgosto pelo estado dos direitos humanos na China ao justificar sua ausência ao banquete realizado em homenagem à rainha na embaixada da China durante a visita ao Reino Unido do então presidente chinês, Jiang Zemin, a quem o príncipe se negou a acompanhar em qualquer outro ato. Em seu testemunho, Mark Bolland confirma que o próprio príncipe de Gales o tinha ordenado vazar para a imprensa detalhes de sua decisão de boicotar a visita do presidente da China para criar a maior polêmica possível. Uma fonte legal disse ao Times que a decisão do príncipe de ir aos tribunais era uma autêntica "loucura" porque "quem quer que o conheça, sabe quão mordazes são suas opiniões sobre o governo chinês e a entrega de Hong Kong".

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