BOGOTÁ - O ex-senador colombiano Otto Bula, suposto recebedor de US$ 4,6 milhões da trama de subornos da Odebrecht, negou nesta terça-feira, 14, ter entregue parte deste dinheiro à campanha de reeleição do presidente Juan Manuel Santos em 2014.
"Não é certo, não me consta, nem eu disse que o dinheiro que entreguei ao senhor Andrés Giraldo foi um aporte à campanha do senhor Juan Manuel Santos", escreveu Bula em uma carta dirigida do presidente do Conselho Nacional Eleitoral, Alexander Vega Rocha.
O capítulo colombiano do escândalo de corrupção da Odebrecht alcançou na semana passada o entorno do presidente Santos e da oposição uribista, que supostamente receberam financiamento ilegal durante a campanha eleitoral de 2014.
A Constituição colombiana proíbe os partidos e candidatos a cargos públicos de receber doações para suas campanhas de pessoas ou empresas estrangeiras. Caso comprovadas, as chapas estariam sujeitas a sanções que vão desde multas até a perda do cargo.
Até agora, a Procuradoria colombiana recebeu a informação de que a Odebrecht admitiu ter pago US$ 11,1 milhões em propinas para obter licitações de obras de infraestrutura na Colômbia. Esse dinheiro foi parar nas mãos de dois políticos já detidos: o ex-senador Bula e o ex-vice-ministro de Transporte Gabriel García Morales.
O caso adquiriu uma conotação política muito maior, já que Bula implicou diretamente a Roberto Prieto, gerente da campanha de Santos à reeleição, segundo a procuradoria-geral do país.
Em resposta, o próprio Santos pediu ao Conselho Nacional Eleitoral, instância encarregada de examinar as planilhas financeiras das campanhas, uma "investigação a fundo para que se possa conhecer o mais rápido possível a verdade".
O opositor Óscar Iván Zuluaga, candidato de direita derrotado por Santos em 2014, também foi citado como beneficiário dos esquemas da Odebrecht na Colômbia. Em entrevista à revista Veja em janeiro, o publicitário Duda Mendonça disse que parte do pagamento de seus trabalhos na campanha de Zuluaga foi feita pela Odebrecht. O político nega as acusações. / EFE