(Atualizada às 18h15)
MADRI - O ex-tesoureiro do partido governista da Espanha, Luis Bárcenas, afirmou nesta segunda-feira, 15, ao juiz Pablo Ruz, que em março de 2010 pagou 25 mil euros ao atual primeiro-ministro, Mariano Rajoy, e a mesma quantia à secretária-geral do partido, María Dolores de Cospedal.
Segundo o jornal El Mundo, o ex-tesoureiro confirmou a existência de caixa dois no partido e revelou ter pago 90 mil euros a Rajoy e Cospedal entre 2009 e 2010. O conteúdo da declaração foi informado por fontes de acusação do caso. Bárcenas foi interrogado durante quase cinco horas sobre as declarações feitas ao periódico de que o PP foi financiado ilegalmente por muito tempo.
No dia 27 de junho, Ruz ordenou a prisão inafiançável do ex-tesoureiro ao saber que ele tinha a intenção de transferir dinheiro de contas da Suíça - onde tem mais de 48 milhões de euros depositados - para contas no Uruguai e nos EUA e considerar, portanto, que existia o risco de ele fugir.
Segundo fontes jurídicas, Bárcenas afirmou também que um advogado próximo a Cospedal lhe ofereceu 500 mil euros para que ele negasse a existência do caixa dois no partido, retirar a denúncia de sua demissão e ajudar a elaborar um álibi para os acusados de doações ilegais.
Em entrevista, Cospedal desmentiu e rejeitou "taxativamente" o que chamou de "mentiras e calúnias" ditas por Bárcenas. A secretária-geral afirmou que a única contabilidade do partido é a que consta como oficial, que sempre foi auditada pelo Tribunal de Contas e com todos os controles indicados pela lei.
Ao ser perguntada se havia cobrado algum tipo de bônus, Cospedal disse que "nunca, isso é completamente falso" e acrescentou que não vai admitir que "um suposto delinquente difame ou injurie com a intenção de sair ileso ou imune de suas supostas responsabilidades".
Mensagens. No domingo, o El Mundo publicou o que seriam mensagens de texto trocadas nos últimos meses entre Rajoy e Bárcenas, em meio a intensificação das investigações. Bárcenas está no centro de uma investigação sobre acusações de lavagem de dinheiro, o que inclui pagamentos a pessoas importantes do PP.
O chefe do governo, que nega as acusações, disse não cogitar deixar o cargo após líderes da oposição pedirem sua renúncia. "Vou defender a estabilidade política e vou cumprir o mandato dado a mim pelos eleitores espanhóis", disse Rajoy em coletiva de imprensa./ EFE e REUTERS