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Ex-vice-presidente sul-africano é declarado inocente em caso de estupro

Jacob Zuma foi acusado de estuprar uma mulher de 31 anos em sua casa e o escândalo ameaçou sua candidatura à presidência em 2009

Por Agencia Estado
Atualização:

Um juiz de Johanesburgo considerou o ex-vice-presidente Jacob Zuma inocente de uma acusação de estupro que colocava em risco sua candidatura à Presidência da África do Sul nas eleições de 2009. O juiz Willem van der Merwe aceitou a versão de Zuma de que, em 2 de novembro, manteve uma relação sexual consentida com uma mulher de 31 anos. Ela estava infectada pelo vírus HIV desde 1999 e era amigada família do ex-vice-presidente. O julgamento começou em 6 de março e chamou atenção na África do Sul. Durante a audiência, foram revelados detalhes íntimos do acusado e da denunciante. O nome da suposta vítima não foi divulgado durante o processo, e grupos que a defendem a apelidaram de "Khwezi" ("estrela matutina", em zulu). Os fatos denunciados aconteceram na casa de Zuma em Johanesburgo, onde a denunciante decidiu passar a noite após uma reunião com outras pessoas. "Khwezi" conhecera Zuma quando tinha apenas cinco anos e o considerava um substituto do pai, que perdeu em um acidente de trânsito. Durante o julgamento, Zuma reconheceu que teve relações sexuais sem usar preservativo, mesmo sabendo que a mulher era soropositiva. Ele afirmou que tomou um banho para "reduzir os efeitos", declaração que gerou muitas críticas. "A versão do acusado deve ser acreditada e aceita", afirmou o juiz ao final da leitura da decisão judicial, que durou quase seis horas. A audiência foi acompanhada por centenas de simpatizantes do ex-vice-presidente nos arredores do tribunal. O juiz considerou que seria "estúpido" estuprar uma mulher sabendo que os policiais que garantem a segurança de Zuma estavam por perto e que a filha do ex-vice-presidente estava dormindo na mesma casa. A mulher, no entanto, garante que ficou petrificada e que não conseguiu gritar para se defender. Alianças ameaçadas Zuma, de 64 anos, ocupa a Vice-Presidência do partido governante, o Congresso Nacional Africano (ANC, em inglês), e sua candidatura à Presidência é apoiada pela ala esquerda da coalizão governante. Alguns aliados, como a Cosatu - principal confederação sindical do país -, chegaram a avisar que, caso Zuma fosse considerado culpado, reveriam o apoio ao ex-vice-presidente. O ex-vice-presidente, que é zulu, maior grupo étnico da África do Sul, ouviu a decisão judicial com um largo sorriso e recebeu abraços dos aliados que o acompanhavam na audiência. Entre os acompanhantes, estavam seis chefes tribais vestidos com peles de leopardo e outros adornos tradicionais. Em torno da sala, milhares de simpatizantes começaram a se reunir desde a noite de domingo e comemoraram a decisão judicial no centro de Johanesburgo. Zuma foi afastado da Vice-Presidência da África do Sul em 14 de junho, depois que a Promotoria anunciou que pretendia processá-lo pela acusação de corrupção, após concluir o julgamento de seu assessor financeiro Schabir Shaik. O assessor foi condenado a 15 anos de prisão em um processo por corrupção. Na sentença, o juiz afirmou que Shaik havia mantido uma "relação corrupta" com Zuma, da qual ambos se aproveitaram mutuamente. O julgamento por corrupção contra Zuma começará em 31 de julho. Os simpatizantes do ex-vice-presidente garantem que o processo tem motivações políticas para impedir que ele seja o próximo presidente. Logo após o anúncio da decisão judicial desta segunda-feira, o chefe de Estado sul-africano, Thabo Mbeki, anunciou que aceitava o veredicto e que respeitava a independência do Poder Judiciário, disse o porta-voz Mukoni Ratshitanda. A Promotoria Geral manifestou sua decepção e pediu ao público que permita que a mulher que denunciou Zuma possa recuperar a tranqüilidade. A imprensa local afirma que "Khwezi" decidiu viver fora da África do Sul, em um país não identificado.

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