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Execução de clérigo xiita por governo da Arábia Saudita provoca revolta e condenações

Al-Nimr estava entre as 47 pessoas executadas por terrorismo no país; Irã reage dizendo que Riad pagará 'um preço alto'

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Por Redação
Atualização:

RIAD - A Arábia Saudita executou neste sábado, 2, 47 pessoas condenadas por “terrorismo”, incluindo jihadistas sunitas da Al-Qaeda e o clérigo xiita Nimr Baqir al-Nimr, uma importante figura do movimento de contestação ao regime da família real saudita. A execução do líder crérigo provocou reação contra a família da dinastia sunita Al-Saud, que governa o país, e ameaça intensificar ainda mais a onda de conflito sectário na região.

O Irã, país xiita cujas relações com a Arábia Saudita são tensas, reagiu prometendo que Riad pagará “um preço alto” pela morte do xeque Al-Nimr. “O governo saudita apoia movimentos terroristas e extremistas e, ao mesmo tempo, utiliza a linguagem da repressão e a pena de morte contra seus opositores internos”, declarou o porta-voz do ministério iraniano das Relações Exteriores, Jaber Ansari.

Mulheres da Arábia Saudita saem com cartazes do xequeNimr Baqir al-Nimr em protesto contra a sua execução Foto: AFP

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A imprensa estatal iraniana exibia sem parar a cobertura de clérigos e membros do governo elogiando Al-Nimr e prevendo a queda da família Al-Saud.

O xeque Al-Nimr, de 56 anos, era um crítico ferrenho da dinastia sunita Al-Saud, que manda no país desde sua criação, em 1932. Ele foi um dos líderes de um movimento de contestação que eclodiu em 2011 na Província Oriental, no leste da Arábia Saudita, onde população é majoritariamente xiita. 

A acusação do governo saudita dizia que Al-Nimr incitava a violência contra a polícia. Os partidários do clérigo dizem que ele era um dissidente pacífico e pedia mais direitos para a minoria xiita.

Os xiitas sauditas se queixam de serem tratados como cidadãos de segunda classe, marginalizados e sem acesso aos mesmos benefícios da maioria sunita do reino. A execução do xeque poderia provocar fortes reações na região, especialmente na Província Oriental e no Bahrein.

Para o aiatolá Ahmad Khatami, clérigo rival de um grupo xiita que ocupa grande parte do Irã, as repercussões contra os governantes sauditas sunitas poderiam "tirá-los das páginas da história".

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Um grupo de xiitas na província oriental da Arábia Saudita marchou pelo distrito de Qatif, lar de Al-Nimr, gritando "abaixo Al-Saud".

O Conselho Supremo Islâmico Xiita do Líbano classificou a execução de Al-Nimr de "grave erro" e o grupo Hezbollah a chamou de assassinato. A "verdadeira razão" para a execução foi que "Al-Nimr exigiu os direitos dissipados de um povo oprimido", disse o Hezbollah em um comunicado.

Líderes xiitas no Iraque, Kuwait, Líbano e Iêmen também advertiram sobre possíveis represálias, sinalizando conflitos sectários ainda maiores em todo o Oriente Médio. / AFP e REUTERS

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