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Executiva chinesa presa no Canadá a pedido dos EUA é solta sob fiança

Diretora da Huawei pagará US$ 7,5 milhões e aguardará em Vancouver análise do pedido de extradição americano; consultor canadense da ONG International Crisis Group é preso na China nove dias após detenção de Meng Wanzhou

Atualização:

O juiz canadense William Ehrck concedeu na noite desta terça-feira, 11, liberdade sob fiança, de US$ 7,5 milhões, para a executiva da empresa de tecnologia da China Huawei, Meng Wanzhou, após três dias de audiência.

Pequim contesta prisão deMeng Wanzhou, diretora financeira da gigante de tecnologia Huawei, e exige explicações de EUA e Canadá Foto: REUTERS/Alexander Bibik

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A libertação de Wanzhou, que deve aguardar no Canadá a análise de um pedido de extradição para os EUA, onde é acusada de fraude, ocorreu horas após as autoridades da China prenderem em Hong Kong o ex-diplomata canadense Michael Kovrig, consultor da ONG International Crisis Group.

A prisão de Meng assustou as autoridades diplomáticas pelo mundo, abalou os mercados internacionais e aumentou as tensões entre China e os Estados Unidos.

O governo chinês havia ameaçado o Canadá com represálias após a prisão de Meng, mas ainda não está claro se os dois casos têm relação direta. O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, confirmou a prisão do ex-diplomata na segunda-feira à noite e disse que está levando “muito a sério” a situação. “Estamos em contato direto com os chineses”, disse Trudeau.

O ministro de Segurança Pública do Canadá, Ralph Goodale, afirmou que não sabe o motivo da prisão e, por isso, não era possível dizer se a detenção do ex-diplomata tem relação com a prisão da executiva da Huawei.

O Departamento de Estado americano, entretanto, manifestou sua preocupação pela prisão do canadense e acredita que há o risco de a China adotar retaliações contra americanos. Fontes disseram que o governo do presidente Donald Trump estuda emitir um alerta a empresários e turistas americanos que viajam à China. 

Meng Wanzhou, diretora da Huawei - prisão acirra confronto entre EUA e China Foto: AP Photo/Ng Han Guan

Washington acusa a Huawei de usar uma empresa de Hong Kong para vender equipamentos ao Irã, violando as sanções dos EUA. O país diz que Meng e Huawei enganaram bancos sobre os interesses da empresa com o Irã.

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A Huawei havia se oferecido para pagar uma equipe de vigilância que garantiria a permanência de Meng no Canadá, caso ela fosse libertada sob fiança. 

Na audiência de segunda-feira, Meng disse temer por sua saúde. Desde que foi presa, a executiva precisou ser hospitalizada uma vez para tratar de uma crise de hipertensão. “Ainda me sinto mal e temo que minha saúde se deteriore enquanto eu estiver presa”, disse ela em depoimento. Meng argumenta que sofreu vários problemas de saúde, incluindo uma cirurgia para tratar um câncer de tireoide, em 2011.

“Desejo permanecer em Vancouver para impugnar minha extradição e refutarei as acusações no julgamento nos Estados Unidos, se me entregarem em última instância”, disse.

As autoridades americanas suspeitam que o grupo chinês exportou, desde 2016, produtos de origem americana para o Irã e outros países submetidos a sanções de Washington. A empresa já estava na mira dos serviços de inteligência americanos, que a consideram uma ameaça para a segurança nacional e a associam a espionagem internacional. 

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Os smartphones a preços acessíveis da Huawei conquistaram uma boa fatia de mercado global, mas a empresa enfrenta diversos reveses em grandes economias ocidentais em razão das preocupações com segurança.

Por meio de nota, o International Crisis Group disse que trabalhar para obter a libertação de Kovrig. A ONG, fundada em 1995, tem como objetivo “prevenir conflitos e propor políticas pacíficas em todo o mundo”. 

Kovrig serviu como diplomata na Embaixada do Canadá em Pequim entre 2014 e 2016. Ele também trabalhou em Hong Kong e na ONU. Em 2016, ajudou a organizar a visita do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, à China.

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Recentemente, Kovrig escreveu um artigo sobre as relações entre China e EUA no jornal Miami Herald. No texto, ele alertava para o nível das relações bilaterais – o pior desde 1989, segundo ele. / AP e REUTERS

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