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Exemplo contra covid em 2020, Uruguai lidera média de mortes por milhão no mundo

Especialistas acreditam que letalidade está associada à variante brasileira

Por Daniel Politi
Atualização:

MONTEVIDÉU - Durante a maior parte do ano passado, o Uruguai foi apontado como um exemplo no combate à pandemia de coronavírus, enquanto os países vizinhos lutavam com o número crescente de mortes.

Mas a boa sorte do país acabou. Na semana passada, a média móvel diária de mortes por milhão de habitantes no país vizinho foi a mais alta do mundo, de acordo com dados compilados pelo The New York Times. Com 50 mortos por dia, em média, o Uruguai tinha um índice de 14,28 mortes por milhão de habitantes. Desde o início da pandemia, o país registrava 3.252 mortes covid-19, de acordo com o ministério da Saúde. 

Especialistas atribuem aumento no número de mortes por covid-19 no Uruguai à variante brasileira Foto: Mariana Greif/REUTERS

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Seis dos 11 países com as maiores taxas de mortalidade por milhão de habitante estão na América do Sul, região onde a pandemia deixa um saldo brutal de desemprego, pobreza e fome. Em sua maioria, os países da região não conseguiram adquirir vacinas suficientes para inocular rapidamente suas populações.

As taxas de contágio no Uruguai começaram a aumentar em novembro e dispararam nos últimos meses, aparentemente devido à variante altamente contagiosa identificada pela primeira vez no Brasil no ano passado, dizem especialistas.

“No Uruguai, é como se tivéssemos duas pandemias, uma até novembro de 2020, quando tudo estava sob controle, e outra a partir de novembro, com a chegada da segunda onda ao país”, diz José Luis Satdjian, secretário do ministério da Saúde. “Temos um novo player no sistema, a variante brasileira, que penetrou em nosso país de forma tão agressiva.”

O Uruguai fechou suas fronteiras no início da pandemia, mas as cidades vizinhas ao Brasil são efetivamente binacionais e permaneceram porosas.

O surto tem sobrecarregado hospitais no Uruguai, que tem uma população de 3,5 milhões de habitantes.

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Em 1º de março, o Uruguai tinha 76 pacientes com covid-19 em unidades de terapia intensiva. Nesta semana, médicos atenderam mais de 530 pessoas, afirma o presidente da Sociedade Uruguaia de Medicina Intensiva, Julio Pontet, que chefia o departamento de terapia intensiva do Hospital Pasteur, em Montevidéu, capital.

O número é ligeiramente inferior ao pico no início de maio, mas especialistas ainda não viram um declínio constante que possa indicar uma tendência.

“Ainda é muito cedo para chegar à conclusão de que já começamos a melhorar, estamos em um alto platô de casos”, diz Pontet.

Apesar do contínuo alto número de casos, há otimismo de que o país conseguirá controlar a situação em breve, pois é um dos poucos na região que tem conseguido avançar rapidamente em sua campanha de vacinação. Cerca de um quarto da população foi totalmente imunizada.

“Esperamos que o número de casos graves comece a diminuir no final de maio”, afirma Pontet. 

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