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''Exército abriu fogo contra manifestantes''

Brasileiro que trabalhava em empreiteira na cidade de Benghazi, na Líbia, relata o cenário de horror que tomou conta do país

Por Glauber Gonçalves
Atualização:

Barreiras, grupos com armas pesadas andando pelas ruas e milhares de estrangeiros mal acomodados no porto à espera de resgate. O cenário deixado para trás pelos brasileiros que viviam em Benghazi pouco lembrava o de semanas atrás, antes da eclosão de revoltas populares na cidade, contou ontem ao Estado o engenheiro carioca Roberto Roche, do hotel em que está hospedado, em Atenas. Funcionário da empreiteira Queiroz Galvão, ele vivia na Líbia havia três anos com dois filhos e a mulher. "Era o lugar mais tranquilo do mundo. Estamos com o coração partido de sair de lá", lamenta. O executivo disse que, nos dias que antecederam os conflitos, a população já se organizava por meio de sites de relacionamento, porém silenciava nas ruas, temerosa de repressão do regime. A primeira reação do regime: abrir fogo contra opositores desarmados."Os nossos funcionários diziam que não ia dar em nada, porque o pessoal morre de medo do Kadafi. E, de repente, virou uma guerra civil. Aquele pessoal que não falava nada começou a aparecer armado e as mortes começaram a ocorrer", relata. Residente em uma área onde moravam outros brasileiros, Roche acompanhou de perto os conflitos. No início, a população, desarmada, avançava sobre o Exército, que atirava "indiscriminadamente". Segundo ele, armas foram distribuídas à população e era comum encontrar grupos de "garotos de 17 ou 18 anos armados com (fuzis) AK-47". A previsão é a de que os brasileiros e portugueses que estão em Atenas embarquem às 10 horas de hoje em um voo da TAP fretado pela Queiroz Galvão.

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