Exército boliviano reprime manifestos sobre gás na fronteira

Correspondente boliviano diz que 200 militares tentam frear cerca de 10 mil pessoas

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Por Agencia Estado
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Tropas do Exército boliviano reprimiram nesta terça-feira, 17, moradores que tentaram entrar na usina de gás Transredes, controlada pela anglo-holandesa Shell e pela britânica Ashmore, em Yacuiba, fronteira entre a Bolívia e a Argentina. O prefeito da cidade, Carlos Cruz, informou que até o momento "há três feridos por balas de efeito moral no enfrentamento com os militares", que também utilizaram bombas de gás lacrimogêneo. O correspondente da rádio boliviana Fides, em Yacuiba, Juan Gorena, disse que 200 militares tentam frear cerca de 10 mil pessoas que rodearam as instalações da planta que envia gás para a Argentina. "Crianças, mulheres e idosos correm pelas ruas para evitar os efeitos do gás e proteger-se dos disparos de balas de borracha, mas o povo vai dobrar a resistência dos militares em qualquer momento", disse o repórter por telefone. Em La Paz, o vice-presidente Álvaro García, em exercício da Presidência, já que Evo Morales se encontra na Venezuela, afirmou que a responsabilidade sobre o conflito em Yacuiba, no município de Tarija, é do prefeito Mario Cossío. Os protestos tiveram início na semana passada com uma greve de fome de dezenas de pessoas lideradas pelo prefeito Cruz, quem afirmou que não negociará com a comissão enviada pelo governo nesta terça. "Nós exigimos que venham o ministro da Presidência (Juan Ramón Quintana)", disse Cruz, quem levanta suspeitas sobre a possessão do megacampo de gás Margarita, administrado pela Respol-YPF. Líderes civis e políticos afirmam que o prefeito de Tarija tenta favorecer a província O´Connor, que reclama a propriedade de parte do campo Margarita. A região denominada de Gran Chaco insiste em que pertence a sua jurisdição. Agora, o movimento deu um prazo de alguns minutos para que Transredes feche as válvulas de envio de gás para a Argentina, caso contrário, a população o fará à força. O protesto está sendo realizado pelos municípios de Grand Chaco e pelas organizações cívicas da província. Ontem, os manifestantes bloquearam as rodovias que ligam a Bolívia com a Argentina, Paraguai e outras zonas bolivianas. Eles reivindicam a instalação de um escritório da vice-presidência da estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) na região. Além disso, querem que o governo reclame a decisão do presidente Néstor Kirchner, do ano passado, de limitar em US$ 50, o valor de compras que os bolivianos podem fazer em Yacuiba, na fronteira.

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