Exército cingalês diz que tâmeis estão se rendendo

Soldados e rebeldes lutam corpo a corpo e governo prevê fim de guerra

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Por NYT E REUTERS
Atualização:

Soldados cingaleses e rebeldes do grupo Tigres de Libertação do Eelam Tâmil (LTTE, na sigla em inglês) travaram ontem combates corpo a corpo no que foi qualificada pelo governo de Colombo como a ofensiva que deve pôr fim ao conflito mais antigo do continente asiático, iniciado em 1983. "Há confrontos corporais na praia", disse o porta-voz do Exército cingalês, brigadeiro Udaya Nanayakkara. "Eles (os rebeldes) se renderão logo, pois não têm alternativa a não ser o aniquilamento ou o suicídio. Queremos libertar os civis em 48 horas." Os guerrilheiros estão encurralados numa praia de apenas 4 km², no nordeste do Sri Lanka, onde, segundo agências de ajuda humanitária, 50 mil civis tentam se proteger dos combates. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) qualificou a situação dos civis de "uma catástrofe humana inimaginável". FUGA O governo disse ter interceptado a mulher e o filho de um dos líderes do LTTE, conhecido apenas como Soosai, quando ambos tentavam abandonar o reduto rebelde num bote, carregando US$ 5 mil em dinheiro. "Eles nos estão bombardeando com artilharia pesada. Há pessoas morrendo minuto a minuto", disse o porta-voz dos tigres tâmeis, Thileepan Parthipan, por um celular via satélite. "A situação é muito crítica." Há meses o governo tenta vencer o grupo separatista que há 26 anos luta para criar um Estado independente para os membros da etnia tâmil, minoritária na ilha. Alarmados com o elevado número de civis mortos no fogo cruzado ou nos bombardeios, há semanas líderes mundiais vêm pedindo um cessar-fogo. Numa declaração conjunta, as chancelarias da França e da Grã-Bretanha declararam-se preocupadas com os bombardeios e pediram ao governo que pare com os ataques. O governo cingalês limita-se a dizer que está facilitando a saída de civis da área e evitando o uso de artilharia pesada. Os ataques não pouparam nem os hospitais que recebem os feridos de guerra. Na quarta-feira, médicos que trabalhavam no único hospital que ainda funcionava na zona de conflito abandonaram o local, deixando 400 pacientes sem tratamento. "Há corpos por todos os lados", disse o médico Thurairajah Varatharajah. "Nós não pudemos queimar os corpos nem limpar a área. É uma situação absolutamente patética", protestou.

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