Exército de Israel atira em hotel repleto de jornalistas

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Forças israelenses dispararam, hoje de manhã, tiros de metralhadoras durante cerca de 15 minutos num hotel de onde jornalistas fotografavam os tanques que estavam alvejando o campo de refugiados de al-Amari. As metralhadoras estavam posicionadas em tanques do Exército. Ninguém ficou ferido na incursão militar, que estilhaçou a escadaria cercada de vidro e os apartamentos próximos, onde cerca de 40 jornalistas estavam trabalhando. Uma câmera da rede de TV ABC deixada sobre um tripé pelos jornalistas que foram se proteger e estava filmando, foi atingida por sete disparos - um deles diretamente na lente. O Exército afirmou que os tanques estavam respondendo aos tiros de um homem armado que estava nos andares superiores do hotel e que os militares não tinham conhecimento de que havia jornalistas trabalhando no edifício. "Estava escuro", afirmou um porta-voz. Segundo o Exército, uma investigação estava em curso. Os jornalistas negaram que houvesse um homem armado no Hotel New City Inn, de quatro andares, onde cerca de 40 jornalistas, entre fotógrafos e profissionais da TV, que estavam cobrindo a incursão do Exército no campo de al-Amari, trabalhavam nos andares superiores. "Se houvesse um homem armado, eu não ficaria no edifício nem por um minuto", disse o produtor da TV ABC Nasser Atta, que tem 13 anos de experiência em coberturas de conflitos no Oriente Médio. Os jornalistas, que na maioria trabalham para órgãos de imprensa dos Estados Unidos e da Europa, haviam escolhido o hotel, que fica a cerca de 400 metros do campo de refugiados, por causa da localização privilegiada para observar a incursão do Exército, que não oferece riscos para os profissionais, temerosos de serem atingidos pelos tiroteios, disse Atta. Todos os quartos estavam ocupados por jornalistas, com exceção de quatro, que alugados para uma empresa sueca, afirmou ele. Os jornalistas gravaram por cerca de 40 minutos a investida ao campo de refugiados sem serem incomodados, antes que dois tanques fizessem a meia-volta e abrissem fogo com metralhadoras contra o estabelecimento, sem avisar. O Exército cercou o campo de al-Amari, em Ramallah, como parte dos ataques a várias cidades palestinas e campos de refugiados nos últimos dias, com o objetivo de prender militantes e confiscar armas. "No momento em que o primeiro tiro foi disparado, todos nos deitamos no chão", disse Atta. "Foi uma experiência terrível. Não esperávamos por isso." O fogo estilhaçou o vidro da escadaria e dos quartos próximos, danificando as paredes e a mobília, e atingindo uma bomba d´água declarou Atta. O tiro disparado contra a lente da câmera é uma prova da precisão dos disparos, disse ele. Os tiros foram suspensos depois que os jornalistas entraram em contato com o Exército para informar os oficiais de que eles estavam no hotel, disse Atta. O Exército afirmou ter pedido desculpas aos jornalistas por qualquer prejuízo causado aos equipamentos. Os jornalistas que estavam no hotel no momento do incidente estavam trabalhando para as redes ABC e CNN, dos Estados Unidos; Rai Uno, da Itália; ARD, da Alemanha; rede al-Jazeera, sediada em Qatar; e para as agências de notícias Reuters, AFP e The Associated Press.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.