PUBLICIDADE

Exército de Israel libera entrada de cloro em Gaza

Produto será utilizado na desinfecção de fontes de água. Temor de crise humanitária persiste. Gêneros alimentícios básicos só dão para três dias

Por Agencia Estado
Atualização:

O Exército israelense autorizou o fornecimento de cloro na Faixa de Gaza para desinfetar as fontes de água, mas ainda teme que a crise humanitária da população prejudique a operação para libertar o soldado Guilad Shalit. Fontes militares disseram que o Exército liberou na segunda-feira a passagem de um caminhão com cloro e que nesta terça vai permitir a entrada de outros dois, a pedido de organizações humanitárias. "Os encarregados palestinos nos disseram que não faltava cloro. Mas, a pedidos de organizações humanitárias internacionais, decidimos liberar três caminhões", disse um porta-voz militar. O acesso será através da passagem de Erez, no norte da Faixa de Gaza, e não pela de Karni, que o Exército se nega a abrir por temer atentados de milícias palestinas. O Exército israelense mantém a Faixa de Gaza isolada desde 28 de junho, quando começou a operação Chuvas de Verão para libertar o soldado seqüestrado e evitar os ataques palestinos com foguetes Qassam. A operação foi condenada pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, por ter criado uma situação de crise no território. O lixo se acumula devido à irregularidade no serviço de coleta, provocada pela falta de combustível para os caminhões. Além disso, os lixeiros se recusam a trabalhar enquanto não receberem os salários atrasados. O problema se repete no tratamento de água. Os esgotos estão sendo lançados no mar. Rebhy al-Sheikh, subdiretor da Autoridade Palestina de Águas, explicou que, desde que começou a crise, todos os esforços vão para a distribuição de água. A conseqüência foi a poluição do litoral, prejudicando o setor pesqueiro, já afetado pela falta de combustível. O peixe que chega ao mercado está contaminado. Além disso, a população de Gaza continua indo às praias, apesar do risco de doenças. O jornal Yediot Aharonot informa que o governo e o Exército israelense estão preocupados com a situação humanitária, já que "a farinha e o açúcar" são hoje as principais ameaças à legitimidade da ofensiva militar. O primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, disse na segunda-feira que a operação não tem limite de tempo, mas o jornal observa que o cerco de Gaza para forçar a libertação do soldado não pode ser mantido por muito tempo. Para produtos básicos como farinha, açúcar e leite em pó, os estoques só dão para três dias. O Ocidente pode pressionar Israel a encerrar a operação sem conseguir seus objetivos. "Os palestinos em Gaza precisam de uma crise humanitária como elemento de propaganda. Se a comida não chegar de forma urgente, o Hamas conseguirá dobrar Israel", afirma o comentarista militar do jornal, Alex Fishman.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.