Exército dos EUA admite que plano para sanar violência em Bagdá não funcionou

Apesar da estratégia traçada por militares americanos e iraquianos, ataques na capital aumentaram em 22% nas últimas três semanas

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Por Agencia Estado
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A ação conjunta dos Exércitos do Iraque e dos Estados Unidos para diminuir a violência em Bagdá, iniciada há dois meses, não atingiu "todas as expectativas", admitiu um porta-voz militar americano nesta quinta-feira. Segundo ele, os ataques na capital aumentaram em 22% nas primeiras três semanas do Ramadã, o mês sagrado dos muçulmanos. O porta-voz classificou o aumento no derramamento de sangue durante o mês sagrado islâmico como "desanimador" e afirmou que os militares americanos estão reavaliando suas estratégias para frear a violência no país. As declarações, dadas pelo porta-voz do Exército americano, William B. Caldwell, vêm no momento em que carros bombas, morteiros e tiroteios deixaram 58 mortos e 140 feridos no Iraque. Entre os mortos está um comandante da polícia da província de Anbar, que foi assassinado por atiradores que invadiram sua casa em Ramadi. Os militares americanos também anunciaram as mortes de três soldados americanos em batalhas na quarta-feira, elevando o número de americanos mortos em outubro para 74. O mês caminha para se tornar um dos mais sangrentos para tropas americanas nos últimos dois anos, desde o cerco a Faluja. O elevado número de mortos entre americanos e iraquianos neste mês trouxe a longa e impopular guerra de volta aos olhos da opinião pública nos Estados Unidos. A situação obrigou a administração Bush a se posicionar sobre o assunto a apenas três semanas das eleições congressuais de novembro. Na quarta-feira, dia em que o Pentágono anunciou a morte de 11 soldados americanos em apenas dois dias, o presidente Bush chegou a admitir, em entrevista à rede de TV ´ABC´, que a atual conjuntura no Iraque poderia ser comparada à ofensiva Tet, durante a Guerra do Vietnã. Essa foi a primeira vez que o presidente americano aceitou uma comparação entre as duas guerras. Nesta quinta-feira, foi a vez do vice-presidente Dick Cheney se explicar. "Eu sei o que o presidente pensa. Eu sei o que eu penso. E nós não estamos pensando em uma estratégia de retirada. Estamos pensando na vitória", disse Cheney em entrevista à revista Time. O plano Cladwell explicou que o plano iraquiano / americano para sanar a violência na capital do Iraque não trouxe os resultados esperados, com um crescimento de 22% nos ataques em Bagdá nas primeiras três semanas do mês sagrado do Ramadã. "Em Bagdá, a Operação Juntos e Adiante fez diferença nas áreas focadas, mas não foi de encontro com a expectativa de trazer uma redução sustentável no nível da violência", disse Caldwell. O general se referia a um plano que previa a ampliação da segurança na capital iraquiana com a introdução de mais 12 mil soldados americanos e iraquianos em Bagdá. A ação começou em 7 de agosto. "A violência é realmente desanimadora", disse ele. Caldwell explicou que as forças americanas foram forçadas nas últimas semanas a lançar uma segunda varredura no distrito de Dora, em Bagdá, após uma nova explosão na violência sectária. Segundo a polícia, ao menos oito pessoas foram mortas em atentados a bomba no distrito nesta quinta-feira. "Parece que os elementos insurgente, os extremistas, estão de fato pressionando para retornar àquela região", disse ele. Ele acrescentou que os planos de segurança para a capital iraquiana estão sendo revistos. Cerca de 6 milhões de pessoas vivem na cidade, entre muçulmanos xiitas e sunitas. Corpos das vítimas dos esquadrões da morte sectários são encontrados todos os dias nas ruas da cidade. "Está claro que algumas das condições que encontramos ao início da operação já não são mais as mesmas, então é necessário que modifiquemos partes do plano", disse Caldwell. Texto ampliado às 19h48

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