Exército dos EUA corre risco de rompimento

Relatório mostra que a "queda" do exército americano é questão de tempo se o ritmo dos conflitos se mantiver como está

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Por Agencia Estado
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Pressionado por freqüente rotatividade de tropas para o Iraque e Afeganistão, o exército dos EUA tornou-se uma "frágil linha verde" que pode romper-se a menos que cheguem reforços urgentes, segundo um estudo do Pentágono. Andrew Krepinevich, um oficial da reserva que foi contratado pelo Pentágono para promover o estudo, concluiu que o exército não pode manter o ritmo de envolvimento de tropas no Iraque o tempo suficiente para esmagar os conflitos. Ele também sugeriu que a decisão anunciada pelo Pentágono, em dezembro passado, de começar a reduzir este ano a força no Iraque, foi em parte motivada pela percepção de que o exército estava à beira da ruptura. Como prova, Krepinevich destacou a redução no número de recrutas do exército em 2005 - que não alcançou pela primeira vez desde 1999 o número estipulado de recrutamento - e a decisão do Pentágono de oferecer grandes bônus e outras vantagens para quem se alista. "Você realmente começa a pensar no estresse e tensão que vive o exército, e em quanto tempo mais isso poderá continuar", disse ele numa entrevista. Ele acrescentou que o exército ainda é uma força altamente efetiva e está implementando um plano que irá expandir o número de brigadas de combate disponíveis para participar na rotatividade no Iraque e Afeganistão. O relatório de 136 páginas apresenta um quadro da situação do exército mais realista do que as autoridades oferecem ao público. Embora não tenha sido publicamente divulgado, uma cópia do relatório foi conseguido pela Associated Press. Para ilustrar o nível de preocupação em relação a tensão existente sobre o Exército, Krepinevich deu a um de seus capítulos o título, "A Frágil Linha Verde". O porta-voz do Comando de Forças do Exército, coronel Lewis Boone, disse que seria um exagero dizer que o exército está quebrado. Segundo ele, sua organização tem sido capaz de atender todos os pedidos de tropas feitos por comandantes em campo. O deputado democrata John Murtha, um veterano da Guerra do Vietnã, causou furor no final do ano passado quando pediu por uma saída rápida do Iraque, argumentando que o Exército estava "quebrado, exaurido" e alimentando os conflitos por sua mera presença no país árabe. Krepinevich não concluiu que as forças dos EUA deveriam sair imediatamente do Iraque, mas afirmou ser possível reduzir o nível de tropas para menos de 100.000 até o fim do ano. Existem hoje 136.000 soldados americanos no Iraque.

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