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Exército impõe toque de recolher após 4 mortes em Beirute

Muitos libaneses temem que os embates desta quinta-feira possam ser um sinal de que a queda de braço entre governo e oposição tenha perdido o controle

Por Agencia Estado
Atualização:

O Exército libanês ordenou um toque de recolher em Beirute nesta quinta-feira, numa tentativa de restabelecer a ordem nas ruas da capital depois que três horas de violência deixaram ao menos quatro mortos e dezenas de feridos. A medida começou a vigorar às 20h30 (horário local) desta quinta-feira e se prolongará até as 6 horas de sexta. A decisão foi tomada depois que pelo menos quatro pessoas foram mortas e 150 ficaram feridas em confrontos entre estudantes pró e de oposição ao governo do primeiro-ministro Fuad Saniora, iniciada em uma universidade de Beirute. De acordo com a agência de notícias Reuters, dois dos mortos eram estudantes partidários da oposição, e vários dos feridos teriam sido baleados. Segundo a Associated Press, um dos objetivos do toque de recolher seria impedir que pequenos focos de novos conflitos continuassem a se espalhar pela cidade. Os enfrentamentos desta quinta-feira marcam o terceiro dia de violência e o segundo em que há mortes nas ruas do Líbano, e são o sinal mais claro de que a queda de braço entre o governo de Saniora e a oposição liderada pelo Hezbollah pode levar a uma nova guerra civil. Além de ser um grupo guerrilheiro xiita, o Hezbollah tem grande representatividade no Parlamento libanês, e busca com estes protestos conquistar uma maior participação no gabinete de Saniora. Segundo analistas, entretanto, o objetivo final do grupo seria adquirir poder de veto para barrar medidas do governo que possam prejudicar a ingerência síria no país. Muitos libaneses temem, entretanto, que os embates desta quinta-feira possam ser um sinal de que a queda de braço saiu do controle das lideranças de ambas as partes. Não por acaso, o líder do Hezbollah, xeque Hassan Nasrallah, foi à TV para tentar abrandar a ira de seus seguidores. "É um chamado religioso. Todos devem deixar as ruas e abrirem caminho para que as forças de segurança possam controlar a situação", disse Nasrallah em uma fita de áudio veiculada pela rede de TV do Hezbollah, a Al-Manar. Discussão na cantina Segundo os estudantes, a violência desta quinta-feira começou depois de uma discussão entre xiitas membros da oposição e sunitas pró-governo em uma cantina da Universidade Árabe de Beirute. Ainda de acordo com as testemunhas, seguranças da universidade interferiram na briga. Era tarde demais: dezenas de governistas já haviam cercado a universidade, que fica em um bairro sunita de Beirute. Com as tensões em alta, seguidores do Hezbollah foram chamados para ajudar, e a briga se generalizou, espalhando-se para ruas próximas. Carros tiveram seus pára-brisas quebrados e vários veículos foram incendiados. Jovens mascarados armados com porretes e pedras atacaram uns aos outros. Alguns utilizaram até pedaços de móveis. Após três horas de enfrentamentos, entretanto, a maioria dos baderneiros já haviam sido dispersados. Ainda assim, alguns carros permaneciam em chamas e tiros podiam ser ouvidos com o cair da noite.

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