Exército israelense ameaça demolir o que resta do QG de Arafat

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Por Agencia Estado
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Milhares de palestinos saíram às ruas para protestar contra o cerco a seu líder, Yasser Arafat, que, encerrado em um pequeno setor de seu demolido escritório, negou-se a entregar seus auxiliares de confiança reclamados pelo Estado judeu. Arafat pediu aos militantes dos grupos islâmicos fundamentalistas que desistam de realizar atentados em território israelense e disse que quer a paz, mas que não capitulará. Israel, preparando-se para um sítio prolongado, disse que não se retirará antes que lhe sejam entregues os homens exigidos, e insinuou que, ainda que suas exigências sejam atendidas, talvez não retire suas tropas. Por meio de alto-falantes, o Exército israelense exortou cerca de 200 pessoas que estão encerradas no último edifício do complexo da Autoridade Palestina que continua de pé que se retirem, caso contrário ele também será demolido. Um militar israelense que não quis se identificar disse que seu Exército estava tentando convencê-los a abandonar o quanto antes o edifício. Cerca de 5 mil palestinos, alguns dando tiros de metralhadora para o ar ou erguendo retratos de Arafat, marcharam em Rafah, no sul de Gaza. Também houve protestos na Cidade de Gaza e em Nablus e Jenin, na Cisjordânia, apesar do toque de recolher imposto por Israel. Em Ramallah, sob controle militar, centenas de manifestantes, entre eles mulheres e crianças, se juntaram para gritar em coro "Viva Arafat", "Viva a Palestina", e foram dispersados com gás lacrimogêneo e balas, disseram testemunhas. Não houve vítimas, disseram autoridades dos serviços de saúde. O Exército israelense não fez declarações. Arafat, com alguns de seus auxiliares e cerca de 20 homens pedidos por Israel, estavam sitiados em quatro salas de escritório do segundo andar de uma ala da sede de seu governo depois que um tanque destruiu as escadas para o terceiro piso. "Reitero meu apelo a nosso povo e todas as nossas facções para que detenhamos ataques violentos dentro de Israel porque (o primeiro-ministro Ariel) Sharon explora estas operações como pretexto para executar seus planos de destruir a paz dos heróis", disse Arafat em mensagem publicada na página da Internet da agência noticiosa palestina Wafa. "Estamos dispostos à paz, mas não à capitulação, e não entregaremos Jerusalém e nem um grão de terra de nossa pátria Palestina", acrescentou. Os ajudantes de Arafat disseram temer que o edifício caia e disseram que ele estava na linha de fogo de um eventual franco-atirador. "O presidente Arafat e seus acompanhantes estão em perigo", dise Nabil Abu Rdeneh, um seu estreito colaborador, ao pedir neste sábado a intervenção imediata da comunidade internacional. Um fotógrafo cercado junto com Arafat disse que um projétil de tanque abalou o piso imediatamente acima deles, e que uma chuva de escombros e pó caiu sobre os sitiados, mas ninguém ficou ferido.

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