MIAMI - Um grupo de mulheres vinculadas ao movimento opositor cubano Damas de Branco pediu no domingo que o papa Francisco se encontre com a dissidência durante sua visita à ilha para saber "o que está acontecendo em Cuba".
"Peço ao papa que se reúna com as Damas de Branco e os dissidentes para que saiba a verdade do que está ocorrendo em Cuba, porque seu cardeal não vai dizer a verdade", disse María Elena Alpizar, porta-voz em Miami das Damas de Branco.
Algumas exiladas vinculadas ao grupo opositor participaram de uma missa realizada na Ermida da Caridad del Cobre, em Miami, na qual ficou evidenciada a solidariedade do exílio cubano com a dissidência na ilha.
Após a missa, Alpizar criticou que a "repressão tenha aumentado" em Cuba desde 17 de dezembro, quando os chefes do governo de EUA, Barack Obama, e Cuba, Raúl Castro, anunciaram o início do restabelecimento de relações diplomáticas entre os dois países. "Pedimos a anistia dos presos políticos e a liberdade do povo", destacou a porta-voz, pouco depois do grupo colocar flores na baía próxima à igreja e orar pela "liberdade em Cuba".
O ato religioso em Miami foi realizado pouco antes da detenção de pelo menos 40 mulheres do grupo Damas de Branco e uma dúzia de opositores em Havana, prisões que ocorrem a menos de uma semana da visita do papa Francisco à ilha.
As detenções ocorreram depois que as Damas de Branco, lideradas por Berta Soler, participaram de uma missa na paróquia Santa Rita de Assis e realizaram uma manifestação a favor dos direitos humanos e dos presos políticos, como é tradição do grupo desde sua criação em 2003.
Soler declarou ter solicitado audiência com o papa Francisco durante sua estadia na ilha, de 19 a 22 de setembro, mas ainda não recebeu resposta. Ela acrescentou que se tiver a oportunidade de se reunir com o pontífice pedirá sua mediação para que "cessação a violência policial contra as pessoas que querem participar ou exercer sua liberdade religiosa e fazer manifestações públicas", assim como para uma anistia geral a mais de uma centena de presos por motivos políticos. /EFE