Exilados iraquianos se reúnem para delinear liderança pós-Saddam

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Por Agencia Estado
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Cerca de 300 exilados iraquianos - representando todas as facções regionais, religiosas e políticas - tentavam formar uma liderança unificada para planejar um futuro sem Saddam Hussein. Os exilados estão reunidos desde sexta-feira, e planejavam concluir o encontro no domingo. Hoje, eles anunciaram que não esperavam concluir as negociações antes de terça-feira, sublinhando a dificuldade de um acordo. O principal ponto em disputa era a composição de um comitê de liderança no qual todos as facções possam estar representadas. Muitos acreditam - ou esperam - que o comitê se torne a base de um governo de transição, uma vez que os EUA cumpram suas ameaças e derrubem Saddam. Até hoje, os delegados à conferência haviam concordado em que o comitê de liderança contaria com 50 cadeiras - 16 para os muçulmanos xiitas; 10 para os curdos; oito para dois grupos concentrando várias facções - o Acordo Nacional Iraquiano e o Congresso Nacional Iraquiano - ; quatro para um grupo que quer a volta da monarquia; dois para muçulmanos sunitas não- vinculados a grupos formais e 10 para independentes. Intensas negociações estão se desenrolando na sala de conferências - de um hotel em Londres - sobre quem deveria assumir as vagas. Entre as questões acaloradamente discutidas estava se o Conselho Supremo para a Revolução Islâmica no Iraque, um grupo xiita entre os mais fortes partidos de oposição, ficaria com todos os 16 assentos destinados aos xiitas. Esse debate pôs em destaque que mesmo as divisões mais comumente aceitas na sociedade iraquiana têm subdivisões. "Xiitas são divididos entre islamitas, liberais e outros", explicou Mowaffak Al Rubaia, um delegado à conferência que está no campo xiita conservador, ou islamita. "Ninguém pode afirmar que representa todas essas tendências". As principais facções oposicionistas pressionam por uma maior influência no comitê. Delegados independentes têm dito que eles - e não apenas partidos políticos - devem desempenhar um papel maior na definição do futuro do Iraque. Além disso, árabes sunitas, que têm reclamado que a conferência de Londres está dominada por xiitas e grupos curdos, temem que o comitê de formulação de políticas tenha uma tendência semelhante. Os árabes sunitas, apesar de serem minoria no Iraque, controlaram a política e as Forças Armadas do país durante décadas. Os EUA, que ameaçam derrubar Saddam por supostamente manter armas de destruição em massa, ajudaram a organizar o encontro de Londres e pressionam os exilados a apresentar uma sólida frente unida. Ahmed Chalabi, líder do Congresso Nacional Iraquiano, disse que, apesar dos problemas, ele espera que a conferência envie uma forte mensagem a Washington. "A oposição iraquiana exorta os EUA e a comunidade internacional a assumir sua responsabilidade e salvar o povo iraquiano, ajudando-o a se livrar do regime de Saddam Hussein", afirmou Chalabi.

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