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Exilados iraquianos voltam para combater invasão

Por Agencia Estado
Atualização:

Milhares de exilados iraquianos retornaram da Jordânia para o Iraque, muitos deles dizendo que querem defender seu país contra os invasores norte-americanos e britânicos. Dados mostram que 5.284 iraquianos cruzaram a fronteira no deserto para o Iraque desde 16 de março, afirmou o coronel Ahmad al-Hazaymeh, diretor do posto fronteiriço jordaniano Al-Karama. O escritório consular iraquiano em Amã informou hoje que emitiu pelo menos 3.000 passaportes temporários para iraquianos exilados, nos últimos três dias. Desses, metade já retornou para o Iraque, disse o porta-voz Jawad al-Ali. "Todos afirmaram que queriam participar da luta contra os norte-americanos", acrescentou. Cerca de 150 iraquianos lotavam hoje a sala de espera da embaixada em busca de vistos de entrada no país, renovando passaportes ou tirando novos depois de terem aberto mão do antigo, em seus anos de exílio. Fortes aplausos foram ouvidos quando uma estação de tevê árabe mostrou o que seriam imagens de um helicóptero de ataque dos EUA abatido por forças iraquianas no sul do Iraque. "Sacrificaremos nosso sangue e nossa alma por você, Saddam", gritou a multidão enquanto dançavam sob um imenso retrato do presidente iraquiano, Saddam Hussein. Jassim Mohammed Laftah, de 30 anos, há dois na Jordânia, abandonou seu emprego de mecânico de automóveis para voltar para o Iraque. "Estou voltando para me unir aos meus irmãos iraquianos na jihad (guerra santa) e na defesa de nosso país contra os invasores norte-americanos", gritou. "Quando os norte-americanos invadiram meu país, senti ser meu dever sacrificar minha vida por nosso líder... e por meu país", explicou. Estimados 350.000 iraquianos vivem exilados na Jordânia. A maioria chegou durante a Guerra do Golfo, em 1991, e ficou, muitos deles ilegalmente. Alguns foram perseguidos pelo regime de Saddam. Outros tentavam escapar das privações trazidas pelas sanções impostas pela ONU ao Iraque após a invasão do Kuwait em 1990. Mesmo aqueles que se opõem a Saddam têm manifestado desconforto com a invasão liderada pelos Estados Unidos, temendo vítimas civis dos bombardeios e preocupados com as intenções de Washington numa era pós-Saddam. "Apesar de eu não gostar de Saddam, não posso aceitar que os norte-americanos ataquem meu país e aterrorizem nossas crianças com seus horríveis bombardeios", afirmou Layla Burhan, uma rica dona de casa iraquiana que não planeja voltar, em sua residência num luxuoso bairro de Amã. Sua amiga Sama, que se recusou a dar o sobrenome, concordou: "Talvez eu tenha medo de voltar para Bagdá, mas admiro aqueles homens por sua coragem." De volta à Embaixada, Loa´i Ghaleb al-Abadi, um empresário de 27 anos que está há três anos na Jordânia, disse que não tem medo de voltar. "Eu não poderia ficar aqui e ficar vendo meu pai e meu irmão lutarem sozinhos contra os invasores norte-americanos." Ele planejava fazer hoje a longa viagem de volta para ajudar a defender sua cidade natal de Nassíria, no sul do Iraque, um importante ponto para as tropas norte-americanas cruzarem o rio Eufrates. Veja o especial :

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