Protestos em massa abalaram cidades de países emergentes de porte como Turquia e Brasil. Ucrânia e Rússia estão em guerra. Os vizinhos da China estão inquietos com as implicações da ascensão chinesa. Mudanças e revoltas criam riscos e oportunidades. No caso de governos, sociedades, instituições e empresas, não são simplesmente os mais fortes e inteligentes que prosperam, mas aqueles que são resilientes, mais capazes de mudar.
O período da Guerra Fria foi perigoso, mas uma fase relativamente estável na política global. Durante a crise dos mísseis cubanos, em outubro de 1962, o mundo parecia assustadoramente próximo da catástrofe, mas o impasse nuclear assegurou que Washington e Moscou travassem suas batalhas na Coreia, Vietnã, Angola e Afeganistão e não entrassem em confronto direto.
A economia mundial não estava tão interconectada como hoje, o que reduziu o risco de um grande contágio econômico. Era um mundo mais previsível porque o poder permanecia principalmente nas mãos dos governos.
Após a Guerra Fria vivemos um período instável. O colapso dos blocos levou à violência na Iugoslávia e no Cáucaso. Mas a década seguinte revelou-se instável e perigosa em razão da crescente falta de líderes no âmbito da política internacional. As guerras no Iraque e Afeganistão limitaram a tolerância dos americanos com relação a uma política externa militante. Hoje, a economia global depende mais do que nunca de um número crescente de potências emergentes (possivelmente instáveis), soterradas por desafios internos.
Uma pergunta importante: qual papel o mundo espera dos EUA no cenário internacional nos próximos anos? Num trabalho com a empresa Survey Monkey, encomendei uma pesquisa que foi realizada com 1.044 americanos. Eles deveriam escolher qual deveria ser o futuro da política externa americana. As opções oferecidas tinham como base meu livro Superpower: Three choices for America´ s Roles in the World (Superpotência: Três alternativas para o papel dos EUA no mundo).
A mais reveladora das conclusões foi a divisão observada entre as gerações: eleitores com mais de 60 anos mostraram-se mais dispostos a aceitar que “nenhuma outra nação (além dos EUA) conseguirá oferecer a liderança que o mundo necessita”. Eleitores entre 18 e 44 anos se identificaram mais com a ideia de que “está na hora de os EUA declararem sua independência da responsabilidade de resolver os problemas de outras pessoas” e concentrar atenção e recursos no país.
Em suma, tais conclusões sugerem que uma porcentagem cada vez maior de eleitores americanos mostra-se mais propensa a dar apoio a candidatos que prometam fazer menos, não mais. (Tradução de Terezinha Martinho).
*É presidente do Eurasia Group