Atentado no aeroporto de Istambul mata 36 e deixa 147 feridos

Segundo governo turco, até três homens-bomba atacaram terminal; polícia suspeita do Estado Islâmico e Erdogan promete reação

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Por Redação
Atualização:

ISTAMBUL, TURQUIA - Um atentado com atiradores e homens-bomba matou ao menos 36 pessoas e feriu outras 147 no Aeroporto Kemal Ataturk, o principal terminal aéreo da Turquia, no episódio mais recente dos ataques extremistas que atingem o país desde o ano passado. A polícia turca afirmou que, segundo investigações preliminares, o Estado Islâmico arquitetou o ataque. Autoridades europeias condenaram a violência. 

O ataque ocorreu no fim da noite de desta terça-feira, 28, em horário turco, quando três terroristas se explodiram no posto de controle de raio X no terminal de desembarques internacionais do aeroporto, após trocar tiros com a polícia. O governador de Istambul Vasip Sahin disse ao canal NTV que três suicidas e não dois - como se supunha anteriormente - participaram da ação. O Aeroporto de Istambul é o principal da Turquia e serve de ponto de conexão para voos para o Cáucaso, Norte da África, Leste Europeu e Oriente Médio.

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Uma fonte do governo turco disse sob condição de anonimato à agência Associated Press que o número de mortos na verdade é de quase 50. Autoridades turcas vetaram o acesso de jornalistas ao aeroporto e o controle de informação no país é rígido. 

Ao Parlamento turco, o ministro da Justiça, Bekir Bozdag, informou que um dos terroristas se explodiu em frente ao posto de controle de raio X na entrada do terminal internacional. Outro suspeito abriu fogo com um fuzil AK-47 e trocou tiros com policiais presentes no aeroporto. Posteriormente, ele também se explodiu. O aeroporto possui dois controles de raio X: um na entrada do saguão e outro já nos trâmites de embarque. Ainda não há informações sobre como o terceiro suspeito agiu no ataque.

O presidente Recep Tayyp Erdogan afirmou que o objetivo do atentado é prejudicar a Turquia por meio da morte de inocentes. "É claro que o objetivo desse ataque não é específico, mas sim criar material de propaganda contra o nosso país usando sangue inocente", disse o presidente, que prometeu usar "medidas decisivas" contra grupos terroristas após o ataque. 

Drama. Imagens do canal estatal TRT mostraram diversas ambulâncias e equipes de resgate chegando ao terminal. Fotos publicadas em redes sociais mostraram as vítimas deitadas no chão do terminal em meio a destroços da explosão. Táxis, segundo testemunhas, se apressaram em tirar pessoas do local antes da chegada das autoridades. 

Centenas de passageiros tentavam fugir do aeroporto com poucos pertences a mão. Outros preferiram sentar no chão e esperar ajuda das autoridades para retornar a seus hotéis, uma vez que só ambulâncias e viaturas eram permitidas no aeroporto. Os feridos foram levados para o Hospital Barkikoy.

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"Estávamos na escada rolante indo para o embarque internacional quando ouvimos os tiros", disse o turista sul-africano Paul Ross. "Havia um cara de preto com uma arma, pelo que disseram."

O aeroporto foi fechado para pousos e decolagens e as viagens que estavam em curso com destino ao terminal foram desviados para outros aeroportos, segundo a agência de aviação turca. 

Repercussão. Reunidos em Bruxelas para a cúpula que deve definir os rumos da saída do Reino Unido da União Europeia, lideres europeus condenaram a violência em Istambul. O governo americano afirmou que monitora a situação - todos os voos entre os Estados Unidos e a Turquia foram suspensos após o atentado. 

O secretário de Estado americano, John Kerry, disse que as autoridades do país ainda estão investigando o atentado em Istambul. "O nosso principal desafio é enfrentar esses atores não estatais violentos", disse, em referência velada ao Estado Islâmico. 

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O ministro de Exterior alemãoFrank-Walter Steinmeir condenou o ataque e disse estar chocado com a violência. "Estamos ao lado das vítimas e da Turquia", declarou. 

O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, condenouo atentadoepediu união para combater a barbárie. "Minha repulsa a esse atentado bárbaro em Istambul", escreveu Rajoy em sua conta no Twitter. A barbárie não se imporá enquanto estivermos unidos."

Outros líderes europeus também condenaram o ataque. O premiê belga, Charles Michel, cujo país sofreu um ataque similar este ano, lamentou o "terror desprezível. "Estamos juntos com o povo turco", disse. 

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A presidente da Lituânia, Dalia Grybauskaite, disse rezar pelas vítimas. "Condenamos esse ato atroz de violência", afirmou. 

Brasileiros. O Itamaraty divulgou comunicado no começo da noite de ontem no qual afirmou quecondenade maneira firme a violência e transmite sinceras condolências às famílias das vítimas do atentado. 

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Ainda de acordo com a chancelaria brasileira, o consulado-geral do Brasil em Istambul acompanha de perto a situação. Não havia, até a noite de ontem, registro de cidadão brasileiro entre as vítimas.

A Turquia tem sido alvo de diversos atentados nos últimos meses, tanto de militantes islâmicos quanto de separatistas curdos. Dois deles, na parte turística de Istambul, foram reivindicados pelo Estado Islâmico.

No mais recente deles, um carro-bomba atingiu uma delegacia no centro de Istambul na hora do rush, matando 11 pessoas e ferindo 36. Os atentados recentes têm prejudicado o turismo na cidade, uma das principais fontes de receita do país. / AP, REUTERS, EFE, NYT e AFP

Rádio Estadão: Brasileira relata caos em aeroporto de Istambul após atentado

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