Explosões matam ao menos 30 no Iraque após ataque a mesquita

Ações são aparente vingança a atentado a uma mesquita sunita na sexta-feira, que deixou 68 mortos, e agravam tensão sectária

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Por Redação
Atualização:

BAGDÁ - (Atualizada às 16h53) Explosões na capital, Bagdá, e na cidade de Kirkuk, ao norte, mataram ao menos 30 pessoas no Iraque neste sábado, 23. As ações são uma aparente vingança ao ataque a uma mesquita sunita, na sexta-feira, que matou 68 fiéis e acirrou a tensão sectária no país, que passa por uma frágil transição política.

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Em Kirkuk, rica em petróleo e disputada por Bagdá e pelo governo regional curdo, três bombas explodiram no meio de um distrito comercial lotado, matando 19 pessoas e ferindo ao menos 112, segundo o vice-chefe de polícia da cidade, Tarhan Abdel-Rahman.

Uma testemunha, que pediu para não ser identificada, contou à Associated Press ter ouvido "uma explosão entre os carros" e, depois, começou a retirar os corpos do local enquanto "pessoas ainda queimavam dentro das lojas e dos veículos".

Mais cedo, em Bagdá, um homem-bomba jogou seu veículo contra uma central de operações de inteligência no distrito de Karrada matando pelo menos 11 pessoas, segundo fontes médicas e da polícia. Eles disseram que seis das vítimas eram civis e as demais, do serviço de segurança. Outras 24 ficaram feridas.

Na noite de sexta-feira, perto de Tikrit, a 140 km ao noroeste de Bagdá, outro homem-bomba, dirigindo um jipe Humvee lotado de explosivos, atacou um grupo de soldados e milicianos sunitas, matando nove.

Os ataques ocorreram depois que o presidente do Parlamento, Salim al-Jabouri, anunciou que um comitê de segurança formado por oficiais e parlamentares estava investigando o atentado contra uma mesquita sunita na Província de Diyala, na sexta-feira. Nesse ataque, milicianos metralharam e mataram 68 fiéis. O resultado da investigação deve ser divulgado até segunda-feira, 25.

Ainda não estava totalmente claro se o ataque no vilarejo de Imam Wais foi perpetrado por militantes xiitas ou insurgentes do Estado Islâmico (EI), que tem avançado em áreas mistas sunitas e xiitas em Diyala e que já atacou seguidores sunitas, como ele, que se recusaram a aceitar a interpretação mais radical da Sahria, a lei islâmica.

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Em Bagdá, políticos tentam formar um governo de coalizão capaz de combater e deter os jihadistas do EI. O avanço do grupo, no norte do Iraque, preocupou o governo e seus aliados ocidentais e levaram os Estados Unidos a realizarem ataques aéreos no país, pela primeira vez desde a retirada das tropas americanas em 2011.

Embora a campanha aérea tenha causado alguns contratempos para o Estado Islâmico, ela não resolve um problema mais amplo, o da guerra sectária, que o grupo tem fomentado com ataques aos xiitas.

Atentados, sequestros e execuções a tiros ocorrem praticamente todos os dias, repetindo os dias sombrios de 2006-2007, período de pico de uma guerra civil sectária.

Dois dos políticos sunitas mais influentes do Iraque suspenderam sua participação em conversações para a formação de um novo governo, depois que os milicianos atacaram a mesquita.

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O vice-primeiro-ministro Saleh Mutlaq e o porta-voz do parlamento Salim al-Jibouri, se retiraram das negociações com a principal aliança xiita, até que os resultados de uma investigação sobre os assassinatos sejam anunciados.

Jibouri, um sunita moderado, condenou tanto o Estado Islâmico, quanto as milícias xiitas treinadas no Irã, que os sunitas dizem que sequestram e matam membros de sua seita, impunemente.

"Não vamos permitir que eles explorem a falta de segurança no país para minar o processo político. Acreditamos que o processo político deve seguir em frente", ele disse durante uma entrevista coletiva, no sábado.

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O novo primeiro-ministro xiita do Iraque, Haidar al-Abadi, enfrenta a difícil tarefa de trazer os sunitas para a política, depois de eles terem sido excluídos por seu antecessor, Nuri al-Maliki. / AP e REUTERS

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