20 de abril de 2011 | 08h42
As exportações japonesas tiveram uma queda de 2.2% em março, em relação ao mesmo período do ano passado, índice bem maior do que o esperado.
A queda foi provocada principalmente pela retração no setor automobilístico, cuja cadeia produtiva foi seriamente afetada pelo terremoto seguido de tsunami do dia 11 de março.
Segundo dados divulgados nesta quarta-feira pelo Ministério das Finanças japonês, esta foi a primeira queda registrada nos últimos 16 meses.
As exportações de veículos tiveram redução de 28% e devem cair ainda mais nos próximos meses por causa do ritmo lento na produção, já que as montadoras continuam com problemas no fornecimento de peças.
A maioria das fabricantes de carros depende de fábricas localizadas em Miyagi e Iwate, regiões atingidas pelo terremoto e pelo tsunami do dia 11 de março.
'Frustrante'
O presidente da Toyota, Akio Toyoda, já adiantou que não há previsão de aumento da produção até o início de junho.
"É uma situação muito frustrante para as montadoras e para as outras indústrias, pois apesar da demanda, eles simplesmente não podem produzir", disse à BBC Hiroshi Watanabe, do Instituto de Pesquisas Daiwa.
Carregamentos de semicondutores e eletrônicos tiveram queda de 6.9% na comparação anual.
As exportações para os Estados Unidos, um dos principais parceiros comerciais do Japão, reduziram 3.4%, enquanto que a entrega de produtos para a China subiu 3.8%.
Cenário
Enquanto a economia japonesa tenta neutralizar os efeitos do pior terremoto da história do país, analistas dizem que a situação ficará pior nos próximos meses.
Isto porque muitas fábricas têm usado o estoque de peças para continuar a produção. "Mas a partir de agora, com o fim do estoque, as companhias serão obrigadas a parar totalmente a produção", disse Hajime Inoue, do Instituto de Pesquisas do Japão.
O analista arrisca dizer até que as exportações podem chegar a cair de 20% a 30% nos próximos meses.
Yoshiki Shinke, do Instituto de Pesquisas Daiichi Life, concorda com o colega e lembra que houve danos também em aeroportos e portos na região nordeste do país.
"Até agora não houve progresso na recuperação da produção nas fábricas, então as exportações cairão em abril", falou.
O racionamento de energia elétrica, previsto para o verão, também afetou a produção. O governo determinou uma economia de 25% do uso de eletricidade para as indústrias, o que deve levá-las a reduzir a jornada de trabalho.
Para piorar, uma pesquisa divulgada pela imprensa japonesa mostrou que a confiança do consumidor teve uma queda grande, o que deve refletir negativamente também no índice de consumo doméstico.
O primeiro-ministro, Naoto Kan, deve anunciar em breve um plano para estimular a economia. Ele não revelou como os orçamentos suplementares serão pagos, mas o secretário-chefe do gabinete, Yukio Edano, já adiantou que o governo pensa em usar o dinheiro dos impostos para pagar a conta.BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.