Expulsão de diplomata pelos EUA é vingança, diz Caracas

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Por Agencia Estado
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A expulsão de uma diplomata venezuelana dos Estados Unidos é uma simples "vingança" e não pode ser comparada com o caso do "militar espião" americano que a Venezuela expulsou na quinta-feira, disseram nesta sexta-feira fontes oficiais venezuelanas. "Esperávamos esta medida, mas não é comparável com a que originou a expulsão do adido naval americano em Caracas, John Correa", disse a vice-ministra de Relações Exteriores para América, Mari Pili Hernández. Em depoimento a um canal estatal, a vice-ministra informou que Correa foi expulso devido ao fato de existirem provas documentais de que atuou como "espião", enquanto que Jeny Figueredo Frías, chefe de gabinete na embaixada venezuelana em Washington, que também foi expulsa, "teve um comportamento exemplar". Na quinta-feira, o presidente Hugo Chávez anunciou a expulsão do adido naval americano, o capitão John Correa, após acusações de espionagem. Os Estados Unidos deram hoje um prazo de 72 horas para que Figueredo Frías saia do país após ser declarada "persona non grata". Hernández destacou que os artigos da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas convocados para respaldar as expulsões revelam o caráter "vingativo" da decisão americana. Hernández assinalou que, para respaldar sua decisão, a Venezuela, invocou o artigo da Convenção de Viena que proíbe os diplomatas de utilizar meios ilegais para obter informação, enquanto que os EUA tomaram sua decisão com base no artigo que permite aos países expulsá-los sem oferecer explicações. "Por isso consideramos inaceitáveis as declarações do porta-voz do Departamento de Estado, Sean McCormack, que apresentou o caso como uma questão de equilíbrio, de reciprocidade, quando de fato se trata de uma vingança", declarou Hernández. A vice-ministra disse que o Governo venezuelano respeita a Convenção de Viena e anunciou que Figueredo estará de volta em Caracas neste sábado, 4 de fevereiro, "uma data formidável". Neste sábado, o Governo e forças políticas que o apóiam lembrarão o 14º aniversário do frustrado golpe de Estado contra o então presidente, Carlos Andrés Pérez, fato considerado como precursor da revolução bolivariana em andamento. Caracas sustenta que Correa é a peça chave do caso de espionagem que veio à tona na semana passada, em que estão envolvidos oficiais de baixa graduação das Armadas. O vice-presidente do Governo, José Vicente Rangel, disse nesta sexta-feira que os serviços venezuelanos de contra-espionagem poderiam ter capturado Correa em flagrante, mas não o fizeram para não piorar a situação. Ele acrescentou, no entanto, que existe ampla documentação para provar sua atuação como "espião". O Departamento de Estado negou que Correa mantivesse "atividades impróprias" na Venezuela e assegurou que "mantinha contatos profissionais" com seus pares venezuelanos.

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