A possibilidade de que 24 jornalistas do New York Times e da Bloomberg sejam expulsos da China até o fim do ano se transformou no mais recente atrito entre Pequim e Washington e esteve entre os temas que o vice-presidente dos EUA, Joe Biden, abordou durante encontro na quarta-feira com o presidente chinês, Xi Jinping.Com atraso incomum, nenhum dos jornalistas dos dois veículos havia obtido até ontem a renovação de seus vistos de trabalho, sem os quais não poderão permanecer na China. Se a situação não mudar, o primeiro deles terá de deixar o país no dia 17. Os demais, no dia 31.Pequim já expulsou jornalistas no passado, mas nunca forçou a saída de todos os correspondentes de uma organização. Se concretizada, a expulsão levará ao fechamento dos escritórios das organizações na China e afetará seus negócios no país. Segundo o New York Times, os correspondentes foram informados que seus vistos não estão sendo processados. O site da Bloomberg está bloqueado na China desde junho de 2012, quando a agência publicou reportagem segundo a qual a família de Xi Jinping tem uma fortuna de US$ 376 milhões. Em outubro do mesmo ano, o New York Times veiculou investigação sobre o patrimônio dos familiares do ex-primeiro-ministro Wen Jiabao, que alcança US$ 2,7 bilhões. O site do jornal está inacessível desde então."Inovação ocorre onde as pessoas podem respirar livremente, falar livremente, são capazes de desafiar a ortodoxia, onde jornais podem reportar a verdade sem medo das consequências", disse Biden em encontro com executivos americanos em Pequim.Segundo o New York Times, Biden relatou em reunião com jornalistas ter alertado Xi Jinping que a eventual expulsão teria "repercussões" para a China, especialmente no Congresso americano. O vice-presidente se reuniu com repórteres estrangeiros na China. O porta-voz da chancelaria chinesa, Hong Lei, disse ontem que a imprensa estrangeira no país sempre foi tratada nos termos da lei. "Ao longo dos últimos anos, proporcionamos um ambiente bastante conveniente para jornalistas estrangeiros que trabalham na China", declarou.