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Extrema direita vê chance em escândalo

Atualização:

O risco mais concreto provocado pelas suspeitas de caixa 2 para o presidente francês, Nicolas Sarkozy, é o de que as denúncias levem seu governo a cair no imobilismo, sangrando até o fim do mandato, em 2012. Para o cientista político Roland Cayrol, a opinião pública da França não está disposta a ignorar as revelações diárias sobre o escândalo, ao mesmo tempo em que já projeta as próximas eleições. "Esse assunto não vai morrer tão cedo, enquanto não haja respostas convincentes sobre os pontos obscuros", acredita Cayrol.Coincidência ou não, na mesma semana em que as denúncias da ex-contadora da herdeira da herdeira da L"Oreal Claire Thibaud vieram a público, pesquisas de opinião indicaram um aumento de 7 pontos - chegando a 19% - de popularidade de Marine Le Pen, filha e herdeira política do ex-candidato à presidência Jean-Marie Le Pen, líder da Frente Nacional (FN), o maior partido de extrema direita da França. Segundo o cientista político Yves Camus, pesquisador do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (Iris), o crescimento pode ser sintoma de desilusão do eleitorado de direita para com seu maior representante: Sarkozy.Ainda no campo da direita, o ex-premiê Dominique de Villepin, arqui-inimigo do presidente, também vem se posicionando no espectro político. Há três semanas, Villepin fundou seu partido, o República Solidária, tentando obter apoio entre eleitores de centro-direita desiludidos com Sarkozy. Dentre os presidenciáveis de 2012, estão à frente do atual chefe de Estado nas pesquisas de opinião os socialistas Dominique Strauss-Kahn, diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI), com 52% de popularidade, e Martine Aubry, secretária-geral do partido, com 44%. O chefe de Estado tem 33%. E, com a recente pacificação do Partido Socialista, até há pouco minado pelas disputas internas, as chances de vitória crescem, acredita Camus. "A situação hoje é diferente em relação aos anos 90-2000. Agora há uma esquerda capaz de mobilizar, que está mais em posição de representar uma alternativa", diz o pesquisador.