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Extremistas judeus preparam-se para rebelião. Motivo: Gaza

Por Agencia Estado
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Uma acentuada escalada nas ameaças e na retórica de membros da extrema direita israelense diante dos planos de retirada de soldados e colonos judeus da Faixa de Gaza deixou as forças de segurança em estado de alerta e trouxe de volta as memórias da atmosfera repleta de ódio que precedeu o assassinato, em 1995, do então primeiro-ministro de Israel Yitzhak Rabin. Extremistas judeus dizem estar preparando uma rebelião em ampla escala contra os planos de retirada do atual primeiro-ministro, Ariel Sharon. Em entrevista recentes, diversos líderes de colonos judeus admitiram terem recrutado combatentes e instruído seguidores a resistirem à retirada, mesmo que seja necessário reagir à força. Sharon, um general que passou a maior parte de sua carreira opondo-se a concessões territoriais aos palestinos, anunciou que o Estado judeu abandonará a Faixa de Gaza e quatro pequenos assentamentos judaicos na Cisjordânia até o fim de 2005. As retiradas são os pilares de um plano de "desengajamento" dos palestinos proposto recentemente por Sharon. Ele diz que seu plano reduzirá os ataques contra Israel permitirá que o país mantenha seu caráter de democracia judaica, cedendo territórios cuja maioria da população é composta por não-judeus. Entretanto, uma oposição violenta à execução do plano poderia complicar a retirada. Muitos colonos acreditam que as retiradas seriam uma "vitória da violência palestina". Alguns desses colonos são religiosos fervorosos para os quais a Cisjordânia foi prometida aos judeus na Bíblia. Autoridades israelenses do setor de segurança esperam que a maioria dos cerca de 7.500 colonos judeus na Faixa de Gaza aceite uma oferta de compensação do governo e deixe a região pacificamente. O Conselho Yesha, uma coalizão de grupos defensores dos colonos, manifestou sua rejeição a atos de violência contra judeus. Entretanto, Eran Sternberg, um porta-voz dos colonos em Gaza, abriu rapidamente uma brecha. "Nós faremos o possível para não agirmos violentamente, mas não me responsabilizo por todos", disse ele à The Associated Press. Sharon está entre os políticos direitistas acusados de inflamar o ambiente de intolerância que culminou na morte do ex-primeiro-ministro. Ao longo da última semana, Sharon disse lamentar que hoje precise "proteger-se dos judeus" depois da arriscar sua vida em guerras para defender os judeus. Avi Ditcher, diretor do serviço israelense de segurança Shin Bet, desencadeou uma tempestade política na última semana ao alertar o gabinete de Sharon sobre a crescente militância entre os colonos de extrema direita. Em resposta a essas crescentes ameaças, a polícia e o governo aumentaram a coordenação da segurança do primeiro-ministro, revelou uma fonte.

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