
25 de abril de 2013 | 10h46
(Atualizada às 16h53) DACA -A fábrica de roupas que desabou na quarta-feira, 24, nos arredores de Daca, capital de Banglasdesh, recebeu ao menos dois alertas de abandono do edifício antes do acidente que deixou, até agora, 251 mortos. A polícia e a Associação de Produtores e Exportadores de Roupas de Bangladesh (Aperb) pediram que os mais de 3 mil trabalhadores deixassem o local em razão de rachaduras encontradas nos oito andares do prédio.
"Depois que soubemos das rachaduras, pedimos que o trabalho fosse suspenso, mas não fomos ouvidos", disse Atiqul Islam, presidente da Aperb. Um dia antes do acidente, na terça-feira, a polícia também determinou o isolamento do edifício. Segundo o diretor da polícia paramilitar Mostafizur Rahman as fábricas de vestuário desobedeceram as ordens, ao contrário de outras empresas que funcionavam no local.
Os operários da fábrica produziam roupas para exportação revendidas por tradicionais marcas ocidentais. As buscas por sobreviventes continuam.
"Muita gente ainda não foi resgatada dos escombros", disse o chefe de polícia de Daca, Habibur Rahman. "O número de mortos deve subir."
No local do resgate, era possível na manhã de hoje ouvir os pedidos de socorro dos sobreviventes. Um repórter da Associated Press ouviu um deles gritar: "Salve-nos, por favor. Eu quero viver. Tenho dois filhos pequenos."
O operário Abdur Rahim, que sobreviveu ao acidente, diz ter recebido garantias do diretor da fábrica de que o prédio era seguro. Uma hora depois, ocorreu o desabamento. Segundo o engenheiro-chefe do departamento de obras públicas de Daca, o edifício passou por uma reforma irregular na qual ganhou três andares a mais. O governo de Bangladesh, que tem a terceira maior indústria têxtil do mundo, depois da China e da Itália, prometeu punir os culpados.
Segundo o ministro de Assuntos Internos de Bangladesh, Shamsul Haque, ao menos 2 mil pessoas tinham sido resgatadas dos escombros até a manhã desta quinta-feira, 25. Segundo a Aperb, havia 3.122 operários têxteis no prédio, a maioria mulheres, mas não é possível precisar quantos deles estavam no edifício no momento do desabamento.
"Vamos começar a remover os destroços só no final da operação, para não prejudicar a busca por sobreviventes. Há mil soldados e bombeiros no local, mas a multidão de curiosos está dificultando nosso trabalho", disse o general Mohammed Siddiqul Alam Shikder, que comanda o resgate.
A marca de roupas britânicas Primark confirmou que um de seus fornecedores ocupava o segundo andar do edifício e divulgou uma nota de pesar. "A companhia está comovida e entristecida com esse horrível acidente", diz o texto. A canadense Loblaw também confirmou que tinha negócios com uma empresa que operava no local. A Benetton negou que um de seus fornecedores produzisse peças no prédio acidentado. A Wal-Mart informou que não sabia se comprava peças de empresas de lá. / AP e REUTERS
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