Falha no Iraque seria sentida no Oriente Médio, diz Gates

Secretário de Defesa dos EUA disse que se o plano de segurança para Bagdá não funcionar, o extremismo sectário aumentaria nos países da região

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Por Agencia Estado
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O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, qualificou de "horríveis" os atentados que mataram ao menos 178 pessoas em Bagdá nesta quarta-feira, 18. Ele afirmou que uma falha no Iraque desencadeará uma crise sectária de extremismo, a qual será sentida inicialmente no Oriente Médio. Em seu terceiro dia de visita aos países da região, Gates pediu para que os países árabes usem sua influência para conter a insurgência e encorajar uma reconciliação política no Iraque. Gates acusou a rede terrorista Al-Qaeda de ter planejado os ataques desta quarta-feira, que atingiram quatro diferentes pontos da capital em áreas predominantemente xiitas. Em conferência realizada na Câmara de Comércio egípcio-americana do Cairo, Gates disse que "o predomínio da anarquia no Iraque terá efeitos negativos na prosperidade dos Estados da região". O secretário afirmou que os insurgentes estão "tentando mostrar que o plano de segurança dos EUA não está funcionando". "Avisamos desde o começo que assim que o plano entrasse em vigor, os terroristas, a Al-Qaeda, os insurgentes e outros tentariam fazer a violência aumentar para fazer com que pensem que nosso objetivo está falahando." Colapso em Bagdá O chefe do Pentágono acrescentou que a situação pela qual o Iraque passa poderia levar o país a um colapso. Para evitar isto, Gates pediu que a Síria e o Irã ajudem a conseguir o fim da violência sectária em Bagdá. "O caos no Iraque terá conseqüências sobre os países do Oriente Médio. Portanto, os países vizinhos deveriam ter um papel positivo para acabar com a anarquia que prevalece no país", disse Gates. Porém, o chefe do Pentágono não quis estabelecer um calendário para a retirada das tropas dos Estados Unidos do Iraque. Segundo Gates, o principal objetivo da política americana no Oriente Médio é estabelecer uma paz justa entre israelenses e palestinos, sob a forma de dois Estados independentes. Irã O secretário de Defesa ressaltou ainda que a prioridade dos EUA é evitar que o Irã desenvolva um programa de armas nucleares e que conquiste um papel hegemônico na região. De acordo com Gates, Washington quer que Teerã pare de apoiar os terroristas, acusação que os EUA fizeram várias vezes contra o Irã e que o regime iraniano sempre negou. No entanto, sabe-se que o Irã financia grupos islâmicos do Oriente Médio, como Hezbollah, Jihad Islâmica e Hamas, e mantém campos de treinamento no Iraque. O ex-diretor da Agência Central de Inteligência americana (CIA, em inglês) acusou o Irã de apoiar as milícias iraquianas que têm envolvimento com a violência sectária no Iraque e pediu a Teerã que deixe de intervir nos assuntos internos do país vizinho. Gates reuniu-se nesta quarta com o presidente do Egito, Hosni Mubarak, e com o ministro da Defesa, Mohammed Hussein Tantawi, para discutir a crise do Iraque, o programa nuclear iraniano e o conflito entre palestinos e israelenses. O chefe do Pentágono afirmou que o Egito pode contribuir para o estabelecimento da paz na região e desejou que a cúpula de Sharm el-Sheikh, prevista para ser realizada em 3 e 4 de maio, seja bem-sucedida. Participarão da cúpula os ministros de Exteriores dos países que fazem fronteira com o Iraque, além de Egito, Barein e dos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU.

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