Falta de menção a Cuba ameaça declaração de encontro

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Por DENISE CHRISPIM MARIN E PATRÍCIA CAMPOS MELLO
Atualização:

Negociada ao longo dos últimos oito meses, a declaração de compromisso de Port of Spain corre o risco de ser vetada hoje, no encerramento da Cúpula das Américas. A rejeição ao texto marcaria o fracasso da tentativa de consolidação de uma nova relação entre os EUA, de um lado, e a América Latina e Caribe, de outro. Apesar do tom insosso e de compromissos copiados de metas já assumidas pelos 34 países, a declaração continuava ontem sem aprovação de Venezuela, Nicarágua e Bolívia.A ausência de qualquer menção sobre a reinserção de Cuba no espaço interamericano e o fim do embargo americano à ilha ainda pesavam como maior argumento para um possível veto, apesar dos gestos amistosos entre os presidentes Hugo Chávez, da Venezuela, e Barack Obama, dos EUA. Chávez declarou que os membros da Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba) não assinarão o texto porque "não há mais tempo para trocá-lo". O presidente boliviano, Evo Morales, colocou ainda mais lenha na fogueira ao fazer novos ataques aos biocombustíveis, produto considerado por seu governo como uma ameaça à segurança alimentar. No parágrafo 49, a declaração menciona a disposição dos 34 países em trabalhar em conjunto para facilitar o uso de biocombustíveis "de acordo com as prioridades nacionais", por meio de cooperação internacional, da troca de tecnológicas e da formulação de políticas para o setor. No rodapé, contudo, traz o registro da insatisfação boliviana. Sem ameaçar a aprovação do texto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também apontou um tópico que o incomodou: a forma como o texto aborda a crise econômica mundial. Durante o encontro entre os líderes sul-americanos e Obama, o brasileiro criticou a referência do texto à organização de uma reunião de ministros da Economia do hemisfério apenas em 2010.Para Lula, 2010 está distante demais. Por sugestão de Michelle Bachelet, presidente do Chile, o texto deve ser alterado: o encontro deve ser antecipado para junho, quando se dará uma reunião de alto nível da Cúpula da América Latina e Caribe."Se a crise tivesse continuado no mesmo ritmo no início do ano, não haveria mais ministros da Economia para assistir a essa reunião em 2010", ironizou Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores do Brasil.

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