Famílias de refugiados afegãos deixam o Brasil

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Por Agencia Estado
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A terça-feira úmida e abafada de Porto Alegre foi o último dia de exílio para três famílias afegãs que passaram vários anos fugindo de guerras e perseguições e vieram para o Brasil em abril do ano passado. Os três casais e oito filhos embarcaram no fim da tarde com destino a São Paulo, de onde seguiriam para Frankfurt e, depois, para Cabul. Para duas das famílias, haverá outra etapa, o deslocamento de Cabul para cidades do interior do Afeganistão, onde deverão chegar no sábado. Ao se despedirem dos voluntários da Central de Orientação e Encaminhamento (Cenoe), os afegãos não escondiam a emoção. O professor Nesar Ahmad Fagiri, de 57 anos, pediu que o filho Ali, de 13 anos, traduzisse para o português o agradecimento pelo acolhimento que a organização não governamental, conveniada com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), deu ao grupo em Porto Alegre. O rápido discurso mostrava a maior dificuldade que os afegãos adultos tiveram no Brasil, o aprendizado da língua e a adaptação aos hábitos ocidentais. Os jovens, ao contrário, partiram dominando o português, vestindo roupas idênticas à de qualquer brasileiro da mesma idade, e hesitantes. "Quero ir, mas também gostaria de ficar", disse Assieh Fagiri, 18 anos, irmã de Ali. "As pessoas são muito boas no Brasil", justificou. A saudade de familiares e a perspectiva de recuperar o antigo padrão de vida na reconstrução do Afeganistão motivou os refugiados a renunciarem à proteção da ONU para voltar à terra natal. "Eles perceberam que levariam vários anos para conquistar bons salários no Brasil", observa a assistente social Sônia Mesquita, que conviveu com o grupo durante um ano.

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