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Famílias vivem horas de tensão no Brasil

Por Agencia Estado
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Foram quase 24 horas de apreensão. Embora o irmão, Mauro Ferreira Bispo, tivesse mandado de Nova York um e-mail, nesta terça-feira à noite, Maria Regina Bispo Macedo queria falar com ele. "A voz tranqüiliza mais", disse. Às 8h40 desta quarta, os irmãos conseguiram conversar durante 15 minutos, suficiente para o choro de nervosismo dar lugar a lágrimas de alívio. Ferreira Bispo trabalha fazendo traslado de turistas. Nesta terça-feira, fez a primeira viagem do dia e voltou para casa. Antes de ele sair para buscar outro grupo, as torres do World Trade Center (WTC) eram atingidas por dois aviões. "Ele passou o dia inteiro em casa, vendo tudo pela tevê", disse Regina. Nesta quarta, Ferreira Bispo viu aviões militares sobrevoarem a Manhattan de ruas desertas. Um contraste com o clima "hipertenso" de ontem. "Ele contou que parecia uma guerra." Desde 1993 em Nova York, Ferreira Bispo não pensava mais em morar no Brasil. Depois do susto, a hipótese de voltar ao País deixou de ser tão remota. A dona de casa Ilda Maria de Souza Castro, de 53 anos, levou cinco horas para ter notícias do filho, Armando de Castro, de 20, há um ano em Nova York. A família de Ilda foi alertada sobre o atentado pela neta de 5 anos. "É onde o tio Armandinho mora", disse ela, ao ver as primeiras cenas pela tevê. Ilda conta que manteve a calma, pois o filho trabalha e mora em Mt.Vernon, fora de Manhattan. "Mas os parentes não paravam de ligar para cá. Minha linha ficou tão congestionada quanto as linhas para os Estados Unidos", disse Ilda, moradora de São José dos Campos, no Vale do Paraíba (SP). Às 17 horas (horário de Brasília), o primeiro contato: Castro falou com a mãe e acalmou parentes. "Ele disse ter a sensação de estar num filme", disse Ilda. "Havia um hospital próximo do seu trabalho que recebeu vítimas." Maria Luiza Prado buscou notícias da filha Martha Maria Prado de Araújo, de 16 anos, que estuda em New Jersey. A jovem vive com uma família colombiana, mas uma das preocupações era o filho do casal. Ele trabalhava numa pizzaria no WTC. "Como bom latino, perdeu a hora e não chegou no horário ao trabalho", contou Maria Luiza. A filha foi dispensada da aula depois dos atentados. Completar as ligações para falar com a filha foi difícil. "Eu estava no trabalho e não conseguia pelo celular. Quem falou primeiro com ela foi minha irmã", contou. "Dependendo como ficar a situação, vou pedir para ela voltar."

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