Farc ameaçam matar seqüestrados em até oito meses

Ultimato valeria apenas para os reféns mantidos para fins de extorsão, caso suas famílias não paguem o resgate; grupo mantém 1,1 mil pessoas cativas

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Por Agencia Estado
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As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), o maior grupo guerrilheiro da América Latina, afirmou que começará a matar seus seqüestrados mantidos para fins de extorsão caso suas famílias não paguem o resgate em oito meses. A ameaça não vale para os reféns de caráter político - ou seja, os que poderiam ser trocados por rebeldes mantidos presos pelo governo colombiano. Assim assegurou nesta terça-feira o membro do Conselho Nacional de Paz e presidente da Fundação Nova Esperança aos Seqüestrados, Gustavo Adolfo Muñoz, que disse à Rádio Caracol que em 2006 os terroristas das Farc assassinaram 45 reféns que não tiveram seus resgates pagos. Muñoz acrescentou que depois de matar os reféns, a organização armada irá exigir cerca de US$ 8,9 mil para que os familiares tenham informações sobre o lugar em que os cadáveres foram enterrados. Segundo a fundação, as Farc têm seqüestrados cerca de 1,1 mil colombianos e estrangeiros, a maioria por razões econômicas. Desses, apenas 58 são reféns considerados "cambiáveis" pela organização, que pretende trocá-los por guerrilheiros presos em cárceres do país e dos EUA. O grupo de "cambiáveis" é formado por 34 policiais e soldados, 21 políticos - entre eles a ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt, cativa desde fevereiro de 2002 -, e os americanos Thomas Howes, Keith Stansell e Marc Gonsalves, seqüestrados em 2003. Segundo Muñoz, só interessa às Farc a liberação de uma parte de seus 3 mil integrantes presos. O ativista explica que apenas cerca 100 rebeldes cativos conhecem os lugares em que a organização mantém escondida uma grande quantidade de dinheiro e armas. Muñoz acrescentou que apóia o acordo humanitário para a liberação dos seqüestrados, mas este, no entanto, valeria apenas para os "cambiáveis". Mas precisou em suas declarações à Rádio Caracol que apóia a possibilidade de resgates por meio da força, uma vez que as autoridades, disse ele, têm como missão constitucional garantir a defesa e a liberdade dos cidadãos.

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