Farc negam ter recebido treinamento do IRA

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Por Agencia Estado
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As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, maior grupo guerrilheiro do país, negam ter recebido treinamento de três supostos membros do separatista Exército Republicano Irlandês (IRA) para a construção e manejo de explosivos, como denunciou o governo colombiano. Os irlandeses "vieram conversar conosco para trocar opiniões, para conhecer uma realidade muito diferente, mas importante, como eles reconheceram", disse Manuel Marulanda, chefe das FARC, na nova edição do semanário comunista Voz. A Promotoria determinou na terça-feira a abertura de uma investigação judicial contra os três supostos membros do IRA para procurar evidências de que eles tenham cometido os delitos de treinamento para atividades ilícitas e porte de documentos falsos. Entre as provas contra eles levantadas, há uma análise das roupas dos detidos, nas quais foram encontrados traços de explosivos. Para Marulanda, não é novidade que, ao aproximar-se o prazo (7 de outubro) em que o governo terá de decidir o futuro da zona desmilitarizada, que foi cedida às FARC para negociar um processo de paz, seja feito algum tipo de acusação contra os insurgentes. O chefe rebelde assegurou que o caso do IRA "é uma delirante provocação" e lamentou que esta denúncia afete o processo de paz na Irlanda do Norte, "que se mantém há dois anos em trégua". Marulanda lembrou que muita gente já visitou a zona ocupada pelas FARC no sul do país, para trocar idéias e conhecer suas propostas. "É o que fizeram vários partidos e movimentos políticos da Europa e América Latina. Também pessoas como o presidente da Bolsa de Nova York e a rainha da Jordânia. Não nos negamos a conversar com ninguém que queira entrar em contato conosco", afirmou. O advogado de um dos irlandeses detidos anunciou que pedirá que os três sejam mantidos em prisão especial para garantir sua segurança, já que em uma prisão comum - onde há rebeldes, paramilitares e traficantes - eles correm perigo. "Preocupa-me especialmente a vida e a segurança pessoal deles, porque com estes desdobramentos a vida de qualquer pessoa pode estar em perigo", disse aos jornalistas o advogado Ernesto Amézquita. Ele acrescentou que o conflito vivido no país se reproduz dentro das prisões. Se forem comprovadas as acusações formais, os detidos irlandeses poderiam ser condenados à pena máxima de 20 anos de prisão por terem treinado os rebeldes colombianos em atividades ilícitas.

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