Farc pedem diálogo, mas rejeitam rendição após morte de líder militar

Traição. Governo colombiano dá detalhes da operação que matou 'Mono Jojoy'; guerrilheiro foi traído por homens de confiança seduzidos por uma recompensa milionária e foi vítima de um trabalho de inteligência com equipamentos de alta tecnologia

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Um dia depois da morte de seu chefe militar, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) pediram "uma oportunidade para a paz, não para a rendição". A declaração de ontem - a primeira desde que Jorge Briceño, o "Mono Jojoy", foi morto num ataque do Exército colombiano - é vista como um apelo ao diálogo depois de uma baixa significativa, mas também como um alerta de que qualquer acordo excluiria o termo "rendição"."O único caminho é a solução política e pacífica para o conflito social e armado e nós somos e seremos fatores dominantes (nesse caminho). As demais estratégias só contribuem para prolongar a espiral da guerra", diz o comunicado, publicado originalmente na revista Resistencia e divulgado pela Agencia de Noticias Nueva Colombia (Anncol), ambas ligadas às Farc. "Seguiremos lutando enquanto tivermos o respaldo popular das pessoas humildes", disse a guerrilha. A possibilidade de uma resposta das Farc levou o governo a colocar ontem mais 2 mil policiais nas ruas de Bogotá. O Exército disse continuar no encalço de 700 guerrilheiros que protegiam "Jojoy" no momento do ataque e agora estão foragidos. Ainda havia troca de disparos na região da operação, área de selva em La Macarena, no centro do país. Segundo a revista colombiana Semana, "Jojoy" foi morto com ajuda de um sistema de localização por GPS colocado em botas que os militares infiltraram entre os guerrilheiros. "Jojoy" usava um dos uniformes mais modernos do Exército colombiano - o que sugere que os militares souberam do desvio de equipamento militar e usaram a informação para o rastreamento. Para chegar ao acampamento, o Exército ainda interceptou conversas e usou informações de antigos guerrilheiros. Os delatores dividirão cerca de US$ 2,7 milhões oferecidos pela cabeça de "Jojoy". Por meio deles, os militares conheciam os hábitos de Briceño e sabiam que tinha, entre outras doenças, diabetes e otite. "Sabíamos que, entre 1 hora e 4 horas, ele costumava levantar para ler documentos. Por isso, decidimos atacar às 2 horas (de quinta-feira)", disse ontem o ministro da Defesa, Rodrigo Rivera.O governo considera a morte de "Jojoy" o golpe mais duro do governo contra as Farc em mais de 45 anos. Em 2008, a guerrilha perdeu, em um bombardeio a um acampamento armado no Equador, Víctor Suárez Rojas, conhecido como "Raul Reyes". Sua morte elevou "Jojoy" a número 2 da guerrilha, posto que agora está vago. / AP, REUTERS e EFE

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