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Fatah faz comício em Gaza em meio a tensão com o Hamas

"Não queremos uma guerra civil (...), mas nosso sangue não é um alvo aberto para ninguém", disse assessor do presidente palestino, Mahmoud Abbas

Por Agencia Estado
Atualização:

Dezenas de milhares de simpatizantes do Fatah, grupo do presidente palestino, Mahmoud Abbas, participaram neste domingo, 7, de um ato em Gaza em demonstração de força no território que é a principal base de apoio ao movimento islâmico Hamas, que está no poder. As duas facções estão envolvidas em uma luta de poder que alguns palestinos temem que provoque uma guerra civil. "Não queremos uma guerra civil e rejeitamos a guerra civil. Mas digo a vocês que o nosso sangue não é um alvo aberto para ninguém", disse em discurso Tayeb Abdel-Rahim, assessor de Abbas e que falou em nome do presidente. O ato no principal estádio de Gaza foi convocado para marcar o 42º. aniversário do movimento Fatah, que já foi dominante e sofreu uma derrota surpresa para o Hamas na eleição parlamentar há um ano. Testemunhas disseram que dezenas de milhares de pessoas participaram e que foi um dos maiores atos do Fatah na Faixa de Gaza em anos. O comício foi realizado um dia depois que Abbas declarou a força de segurança do Hamas em Gaza ilegal. Isso provocou uma resposta imediata dos islâmicos, que prometeram dobrar o tamanho da Força Executiva, para 12.000 homens. Mohammad Dahlan, um dos líderes do Fatah e ex-chefe da segurança, criticou o Hamas em seu discurso, dizendo para os vigias se afastarem. "Não preciso de ninguém (...) deixem o Hamas atirar em mim," disse Dahlan enquanto membros do Fatah disparavam com fuzis para o ar no meio da multidão. Abdel-Rahim disse que os palestinos deveriam concentrar sua batalha contra Israel, e não em lutas internas. "Nossas diferenças devem continuar direcionadas contra a ocupação, que está destruindo nossa terra e matando nosso povo", disse. O Hamas criou sua Força Executiva depois que formou um governo, em março, e desafiou a ordem anterior de Abbas de integrar seu pessoal aos outros serviços de segurança. Em conferência de imprensa com outros grupos aliados dos islâmicos, o porta-voz do braço armado do Hamas, Abu Ubaida, advertiu contra tentativas de enfraquecer o grupo. "Quem recebe armas dos americanos é responsável pelo sangue", dise Abu Ubaida. Governos ocidentais querem que o moderado Abbas ganhe do Hamas, que os Estados Unidos e Israel consideram um grupo terrorista. O governo Bush vai fornecer 86 milhões de dólares para fortalecer os grupos de segurança leais a Abbas, de acordo com documentos vistos pela agência de notícias Reuters na sexta-feira. A tensão interna cresceu depois do pedido de Abbas por novas eleições, feito no último mês, para romper o impasse político com o Hamas. Os dois grupos não conseguiram formar um governo de união.

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