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FBI abre investigação sobre ação policial violenta em sala de aula nos EUA

Decisão ocorre após a divulgação de um vídeo em que se vê uma demostração aparente de abuso de força por parte do policial contra uma adolescente negra

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Por Redação
Atualização:

WASHINGTON - O FBI e o Departamento de Justiça dos Estados Unidos abriram na terça-feira uma investigação após a divulgação de um vídeo gravado com um celular no qual se vê uma demonstração aparente de abuso policial na detenção de uma adolescente negra dentro de uma sala de aula na Carolina do Sul.

"O Escritório do FBI de Columbia, a Divisão de Direitos Humanos, e o Escritório do Promotor Federal para o Distrito da Carolina do Sul abriram uma investigação de direitos civis sobre as circunstâncias da detenção de uma estudante em Spring Valley High", explicou o Departamento de Justiça em comunicado.

Policial usa força desproporcional para retirar aluna de sala de aula na Carolina do Sul Foto: Reprodução

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A nota ainda explica que o FBI irá analisar e expor todas as provas disponíveis para determinar se alguma lei federal foi violada. "Como se trata de uma investigação em curso, por política do Departamento de Justiça, não podemos fazer mais comentários neste momento", concluiu.

Leon Lott, xerife da cidade de Richland, onde ocorreu a ação, indicou que o FBI será o encarregado de liderar a investigação sobre o caso, que causou polêmica nos Estados Unidos e está sendo repercutido fora do país.

"Não queremos problemas com a comunidade ou com aqueles que tenham dúvidas sobre os conflitos de interesse que possam ter nesta investigação", disse Lott, em referência às possíveis dúvidas que poderiam surgir de uma investigação policial.

No vídeo, de menos de um minuto, um policial é visto falando com uma aluna sentada na carteira no meio da sala de aula. Aparentemente, ao não ser respondido, ele a empurra violentamente e a arrasta pelo chão.

O fato aconteceu no Instituto Spring Valley, em Columbia, na Carolina do Sul, mesmo estado que estampou as manchetes dos jornais americanos em abril deste ano após o afro-americano Walter Scott morrer ao ser atingido por um policial com oito tiros nas costas.

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O vídeo com as cenas teve grande repercussão nas redes sociais e provocou uma onda de críticas. A hashtag #AssaultAtSpringValleyHigh (Ataque no Instituto Spring Valley, em tradução livre) entrou para a lista de assuntos mais comentados no Twitter.

A polêmica fez com que o Departamento de Polícia de Richland convocasse uma entrevista coletiva extraordinária, na qual o porta-voz das forças de segurança, Curtis Wilson, identificou o agente envolvido como Ben Fields. O policial está temporariamente suspenso do serviço, enquanto a investigação interna é realizada. Ele foi transferido para tarefas administrativas, disse Wilson, o que significa que no momento ele não irá patrulhar as ruas nem trabalhar em escolas.

O Segundo Distrito Escolar de Richland proibiu Fields de voltar a atuar em qualquer de suas 40 escolas durante a investigação, e autoridades distritais declararam que não irão tolerar comportamentos que ameacem a segurança dos estudantes.

“A intensidade da força usada por um policial contra uma aluna me pareceu excessiva e desnecessária”, desse James Manning, presidente do Comitê de Curadores do Segundo Distrito.

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Segundo a versão da polícia e de várias testemunhas, o professor havia pedido para a jovem sair da sala e ir à diretoria da escola por mal comportamento, porém a adolescente se negou a fazê-lo. O professor chamou Fields, que entrou na sala e tentou convencer a menina. Sem sucesso, disse que ela estava detida, o que também não a convenceu.

Foi então que o policial segurou a jovem pelo pescoço, a jogou no chão junto com a carteira e a arrastou até a porta, onde estava o professor. Aparentemente, o vídeo foi filmado por um aluno da turma. A estudante foi presa por “perturbar a escola” e mais tarde foi entregue à família, informou Wilson.

Desde que Michael Brown foi morto por um policial em agosto do ano passado em Ferguson, Missouri, a comunidade negra e a polícia americana mantêm uma relação tensa. /EFE e REUTERS

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