De acordo com um dos documentos divulgados, um agente do FBI teve uma reunião em 2015 com um alto cargo da diplomacia americana, Patrick Kennedy, que pediu ao investigador que não considerasse como confidencial a mensagem sobre Benghazi, ataque sobre o qual Hillary recebeu fortes críticas. Segundo os documentos, quando o agente do FBI se negou a aceitar o pedido, Kennedy se dirigiu a um funcionário de maior escalão do FBI para oferecer melhores condições para a agência de inteligência no exterior. "Em troca de marcar o e-mail como não confidencial, o Departamento de Estado de maneira recíproca permitiria ao FBI ter mais agentes em países onde sua presença está proibida", resume um dos documentos divulgados, no qual consta uma reunião do FBI com uma testemunha não identificada. O porta-voz adjunto do Departamento de Estado, Mark Toner negou nesta segunda-feira que houvesse algum tipo de "ponto essencial pro quo" (uma coisa por outra) na reunião de Kennedy com o FBI, e foi a agência que propôs a possibilidade de ampliar sua presença em algumas embaixadas dos EUA "no final da reunião". "Qualquer afirmação de que isto foi um 'ponto essencial pro quo' é francamente insultante", disse Toner em entrevista coletiva diária, na qual defendeu que Kennedy simplesmente tratou de "esclarecer o raciocínio do FBI" para marcar o e-mail como confidencial. "Houve grandes desacordos entre as diferentes agências (do governo dos EUA) sobre mudar as classificações deste material", admitiu Toner, que insistiu que não houve negligência. Mesmo assim, os novos documentos do FBI podem proporcionar mais poder de fogo ao candidato republicano à presidência, Donald Trump, que em diversas ocasiões questionou a imparcialidade do FBI e do Departamento de Justiça para investigar a Hillary. "Estes documentos do FBI proporcionam uma prova inegável de que Hillary, em conivência com o FBI, o Departamento de Justiça e o Departamento de Estado, encobriu as atividades delitivas ao mais alto nível", disse em comunicado da campanha de Trump o general reformado Michael Flynn. Flynn, que chegou a ser cogitado como vice-presidente de Trump, afirmou que Hillary pôs "em risco" a segurança dos EUA e "se alguma pessoa tivesse feito uma fração do que (ela) fez com nossa informação seria perseguida penalmente". Os documentos divulgados nesta segunda-feira supostamente tinham como destino o diretor do FBI, James Comey, para recomendar em julho ao Departamento de Justiça que não apresentasse acusações contra Hillary. Comey criticou o uso "extremamente descuidado" de informação sensível por Hillary e seus assistentes, mas garantiu que os investigadores não tinham encontrado provas sobre o desejo da ex-secretária de Estado de violar as leis que regem o manejo de informação confidencial. O encerramento da investigação do FBI parecia ter encerrado a polêmica, que começou no início de 2015, quando os veículos de imprensa revelaram que, durante seus quatro anos no Departamento de Estado, Hillary Clinton sempre usou uma conta pessoal de e-mail para se comunicar. Mas a revelação dos documentos do FBI não permite enterrar a controvérsia, que segue viva a menos de um mês das eleições presidenciais e legislativas americanas do dia 8 de novembro. / EFE