FHC pode mediar impasse entre EUA e China

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente Fernando Henrique Cardoso está avaliando se irá atender o pedido do presidente americano George W. Bush para conversar com o presidente da China, Jiang Zemin, sobre o impasse entre os dois países, disse hoje o embaixador do Brasil na China, Afonso de Ouro Preto. O governo chinês deteve a tripulação de um avião de espionagem americano, na semana passada, depois que derrubou, acidentalmente, uma aeronave chinesa, causando a morte do piloto. A China condiciona a libertação dos tripulantes a um pedido formal de desculpas dos Estados Unidos, mas o governo americano resiste. Bush enviou o pedido aos países que o presidente chinês visita esta semana, menos Cuba. Jiangn visitou Argentina, Chile e Uruguai. Depois do Brasil, ele segue para a Venezuela e para Cuba. De acordo com Ouro Preto, Jiang e Fernando Henrique vão conversar sobre vários assuntos da relação bilateral, como temas políticos, comerciais e de cooperação. Um dos principais assuntos, porém, será a manutenção do diálogo entre os dois países para aproximar o discurso em defesa dos interesses dos países em desenvolvimento a serem defendidos nos foruns internaiconais. Um exemplo disso é a preocupação que ambos os países dividem com relação à inclusão de padrões ambientais e trabalhistas na Organização Mundial do Comércio (OMC), instituição à qual a China adere até o fim do ano. Os países em desenvolvimento temem que essas normas tornem-se barreiras às exportações de seus produtos. Brasil e China possuem uma aliança estratégica, cujo interesse é o apoio mútuo para que cada um dos países fortaleça a liderança que exerce em suas respectivas regiões, com a intenção de ampliar a participação das economias em desenvolvimento nas negociações internacionais e contribuir para um mundo de forças multipolares. Como parte dessa aliança estratégica, os dois países são responsáveis pelo maior projeto de cooperação entre duas economias do sul, a contrução de satélites para rastreamento do meio ambiente. A China já lançou um satélite construído em parceria com o Brasil. Atualmente os dois países estão trabalhando na construção do segundo satélite e há acordo para a construção outros dois. China e Brasil, segundo Ouro Preto, pretendem negociar com outros países as informações captadas pelos satélites. Os dois países também estudam estender a cooperação para as áreas de biotecnologia e informática. A corrente de comércio entre Brasil e China é de cerca de US$ 2,8 bilhões anuais. No ano passado, o Brasil teve superávit de US$ 400 milhões. As exportações brasileiras à China concentram-se, principalmente, em produtos básicos e equivalem a apenas 2% do total das exportações brasileiras. Mas no ano passado o Brasil vendeu à China aviões da Embraer. De acordo com Ouro Preto, há potencial para ampliar o comércio, sobretudo depois que o país aderir definitivamente à OMC. A China movimenta cerca de US$ 350 bilhões por ano no comércio internacional.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.