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Fidel abre porta a diálogo com Obama

Em artigo, líder cubano afirma que encontro pode ser ?em qualquer lugar? que o presidente eleito escolher

Por AP e AFP E REUTERS
Atualização:

O líder cubano Fidel Castro indicou ontem que seu país pode retomar o diálogo com os EUA, após afirmar que o presidente eleito Barack Obama é um homem "com quem Cuba pode conversar". Segundo Fidel, o encontro pode ser em "qualquer lugar" que o futuro líder escolher. "Com Obama se pode conversar onde ele deseje já que não somos pregadores da violência e da guerra", escreveu o líder cubano em seu mais recente artigo para o jornal oficial Granma. Fidel, porém, alertou que Obama tem de se lembrar que uma "diplomacia da cenoura e do porrete" (agradar ou castigar) não funcionará com o governo de Havana. Na semana passada, o irmão de Fidel e presidente cubano, Raúl Castro, afirmou à revista The Nation que estaria disposto a encontrar-se com Obama em "território neutro". O presidente eleito não respondeu às declarações, mas durante sua campanha disse-se disposto a conversar com os dirigentes da ilha. Bill Richardson, futuro secretário de Comércio de Obama, também defendeu o fim do embargo: "Temos de mudar a política de Cuba, pois o embargo não faz sentido, apenas fortaleceu o governo castrista." O chanceler cubano, Felipe Pérez Roque, pediu ontem a Obama que mantenha sua promessa de reduzir as restrições de viagens e envio de dinheiro à ilha, dizendo que seria um passo positivo para a normalização das relações. Apesar de elogiar o presidente eleito, Fidel demonstrou sua frustração pela escolha de Hillary Clinton como secretária de Estado e de Robert Gates como secretário da Defesa. O líder revolucionário afirmou que o marido de Hillary, o ex-presidente Bill Clinton, aprovou leis que intensificaram o embargo dos EUA a Cuba e disse que a democrata expressou apoio para manter as restrições à ilha. Fidel criticou a escolha de Gates por ele ser republicano. "Não estou reclamando, só estou chamando a atenção para isso." Apesar do descontentamento com as escolhas, Fidel reconheceu a inteligência de Obama. "Eu não diria agora que Obama é menos inteligente", escreveu. "Pelo contrário, ele está demonstrando habilidades que me permitiram ver e comparar sua capacidade com seu adversário medíocre John McCain." Os cubanos exilados em Miami indicam estar dispostos a se reaproximar de Cuba. Uma pesquisa da Universidade Internacional da Flórida indica que 55% dos cubano-americanos é a favor do levantamento do embargo.

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