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Fidel Castro critica estratégia dos EUA para promover etanol

Artigo escrito pelo líder cubano está na edição desta quinta-feira do jornal Granma

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente cubano, Fidel Castro, rompeu nesta quinta-feira, 29, seu silêncio com um artigo no jornal oficial Granma, oito meses depois de ceder provisoriamente o poder a seu irmão Raúl, por causa de uma doença mantida como "segredo de Estado". O artigo critica a estratégia dos Estados Unidos para promover o uso de combustíveis alternativos, como o etanol, e suas repercussões nos países pobres. Mesmo elogiando a tecnologia brasileira, ele descartou o seu uso em Cuba. "Mais de 3 bilhões de pessoas no mundo condenadas à morte prematura por fome e sede" é o título do artigo, publicado na edição desta quinta-feira do órgão oficial do Partido Comunista de Cuba, anteciparam fontes oficiais. No texto, Castro, que em agosto completará 81 anos, não comenta seu estado de saúde nem temas da política interna cubana. Ele fala do uso de combustíveis alternativos e da mudança climática. "Meditei muito depois da reunião do presidente dos EUA, George W. Bush, com os fabricantes de automóveis", diz o texto, criticando a "idéia sinistra" de transformar alimentos em combustível, "estabelecida como política externa americana". O líder cubano se refere à reunião de 26 de março entre Bush e os principais produtores de automóveis. O presidente americano defendeu a idéia de incentivar a produção de etanol e combustíveis alternativos. "Reduzir e reciclar todos os motores que consomem eletricidade e combustível é uma necessidade elementar e urgente de toda a humanidade. A tragédia está na idéia de transformar os alimentos em combustível", afirma Castro. Ele avalia seria necessária uma colheita gigantesca de milho para produzir etanol e vários investimentos "ao alcance apenas das empresas mais poderosas". "Aplicando esta receita aos países do Terceiro Mundo, muitas pessoas deixarão de consumir milho entre as massas famintas de nosso planeta. O financiamento aos países pobres para produzir etanol não deixará sobrar uma árvore sequer para defender a humanidade da mudança climática", insiste o líder cubano. Produção cubana Em Cuba, o álcool é um subproduto da indústria açucareira, mas a mudança de clima "está afetando a produção". "Por isso, independentemente da excelente tecnologia brasileira para produzir álcool, a sua utilização em Cuba não passa de um sonho, um desvario dos que se iludem com essa idéia", afirma. "Em nosso país, as terras dedicadas à produção direta de álcool podem ser muito mais úteis na produção de alimentos para o povo e na proteção do meio ambiente", insiste Castro. O líder cubano diz que todos os países do mundo, ricos e pobres, "poderiam poupar milhões e milhões de dólares em investimentos e combustível simplesmente trocando todas as lâmpadas incandescentes por fluorescentes, como Cuba fez em todas as casas do país". "Isso ajudaria a resistir à mudança climática sem matar de fome as massas pobres do mundo", garante. Fidel Castro cedeu o poder a seu irmão mais novo em 31 de julho de 2006, após uma intervenção provocada por uma hemorragia cujas causas são mantidas em segredo.

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