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Fidel completa 80 anos em meio a incertezas sobre sua saúde

Fidel comemora 80 anos neste domingo e o mundo espera notícias sobre o real estado de saúde do presidente

Por Agencia Estado
Atualização:

Neste domingo, comunistas, socialistas, revolucionários e nacionalistas de Cuba e de todo o planeta comemoram os 80 anos do presidente cubano Fidel Castro. Alguns poderiam dizer que eles estão adiantados, já que especula-se que Fidel tenha nascido um ano depois da data oficial de seu aniversário - 13 de agosto de 1926. Fidel Castro Ruz nasceu na fazenda Manacás de Biran, no leste de Cuba. A propriedade era de seu pai, um imigrante espanhol. Em 1945, com 19 anos, o jovem iniciou seus estudos de Direito na Faculdade de Havana. O primeiro ato revolucionário de Fidel veio oito anos mais tarde, em 1953, com o fracassado ataque aos quartéis Moncada e Carlos Manuel de Céspedes, em Santiago de Cuba. Pela tentativa, Fidel e seu irmão Raúl Castro foram presos pelo regime de Fulgêncio Batista, na época presidente da ilha. "A história me absolverá", a famosa frase foi pronunciada durante o julgamento pelos ataques, quando Fidel foi acusado a 15 anos de prisão. Durante o tempo em que ficou no cárcere, ele criou o Movimento 26 de Julho (M-26). A pena durou apenas dois anos, já que os irmãos Castro foram anistiados e deixaram a prisão em 1955. O início da Revolução Exilados no México, Fidel e Raúl conheceram o médico argentino Ernesto Guevara, que depois viria ser seu companheiro revolucionário, Ernesto "Che" Guevara. Os planos revolucionários para Cuba começaram a ser traçados por Fidel e Che Guevara durante o ano em que viveram no México. Em 25 de novembro de 1956, o iate "Granma" parte de Santiago de la Peña, no México, em direção a ilha de Cuba. A bordo, 82 homens dispostos a começar uma revolução contra o governo de Fulgêncio Batista. O desembarque de Fidel, Che e seus seguidores acontece no dia 2 de dezembro de 1956, quando descem na praia Las Coloradas, perto de Manzanillo, no norte de Cuba. Os planos para a revolução duraram mais de um ano e, somente no dia 1º de março de 1958, Fidel Castro declara guerra total no país, pedindo apoio à população para derrubar o governo de Batista. As batalhas na Sierra Maestra e os combates contra o governo duraram dez meses, mas a vitória veio no dia 1º de janeiro de 1959, quando Fulgêncio Batista foge do país e os revolucionários declaram vitória. Era o início da era Fidel. A entrada triunfal de Fidel na capital da ilha, Havana, acontece uma semana depois, dia 8 de janeiro, quando revolucionários e população saem às ruas para comemorar a vitória. Início do isolamento Os Estados Unidos foi o primeiro país a reconhecer a vitória de Castro, mas suas posições políticas e a postura radical na economia fizeram com que as nações se afastassem e se tornassem rivais. Em tempos de Guerra Fria, a aproximação de Cuba com a URSS cooperou para que o os norte-americanos declarassem um embargo econômico à ilha. Apenas em 1961 Fidel declara o caráter socialista da Revolução, depois de ter desapropriado latifúndios, nacionalizado empresas estrangeiras e criado os Comitês de Defesa da Revolução (CRD), considerados "olhos e ouvidos" dos ideais socialistas nos bairros de Cuba. A nacionalização das empresas estrangeiras, em sua maioria norte-americanas, fez com que Cuba fosse expulsa da OEA (Organização dos Estados Americanos). Começava o isolamento político e econômico do país comandado por Fidel. O rompimento com os EUA e o atrelamento ideológico com a URSS causou uma das principais crises diplomáticas da história. Em outubro de 1962, a "Crise dos Mísseis", provocada pela instalação de silos para mísseis soviéticos voltados para o território norte-americano, abala ainda mais a relação entre os dois países - distantes apenas 150 quilômetros um do outro. Em outubro de 1965, Che Guevara, principal aliado de Fidel, abandona os cargos que tinha no país e sai da ilha com a intenção de instaurar a Revolução Comunista em outras nações. Após a renúncia de Che, Fidel comanda a conversão do Partido Unido da Revolução Socialista (PURS) em Partido Comunista de Cuba (PCC). A queda da URSS, em 1989, põe início à crise econômica na ilha, já que o bloco soviético era o único aliado nas relações comerciais do país. Assim, Fidel viu-se obrigado a abrir a ilha para investimentos e entrada de empresas com capital estrangeiro. Porém, Fidel resiste aos pedidos de eleições multipartidárias, feitos pelos Estados Unidos diversas vezes. "Arbitrariedades" de Fidel A Constituição Cubana, aprovada em fevereiro de 1976, sofreu apenas duas reformas em seus 50 anos de vigência. A primeira em julho de 1992 e a segunda em junho de 2002. Enquanto Fidel construía escolas, acabava com o analfabetismo e construía um sistema nacional de saúde reconhecido mundialmente, apoiava outros movimentos revolucionários na América Latina e na África. Entretanto, as liberdades dos cubanos começaram a ser cerceadas, os jornais começaram a ser censurados e os direitos religiosos impedidos. A partir de 1980, cubanos desesperados para deixar a ilha passam a negociar com embaixadores de outros países. Milhares de cubanos se refugiaram na embaixada do Peru e 130 mil pessoas deixaram a ilha com destino a Flórida. Os acordos migratórios só passaram a ser assinados em dezembro de 1984, com os EUA, principal destino dos exilados políticos do regime castrista. Em julho de 1989, o julgamento e fuzilamento do general Arnaldo Ochoa, acusado de tráfico de drogas e alta traição, faz com que a comunidade internacional acuse Fidel por suas arbitrariedades. Saúde debilitada A saúde de Fidel Castro passou a ser considera frágil em 2001, quando ele desmaiou em um ato público nos arredores de Havana. Três anos depois, em outubro de 2004, o presidente cubano tropeçou e sofreu graves lesões no braço e na perna. Sua primeira aparição em uma cadeira de rodas foi após a queda. Desde o dia 31 de julho, quando entregou provisoriamente o poder, pela primeira vez em 47 anos, a seu irmão Raúl, Fidel está internado para recuperar-se de uma intervenção intestinal. A operação teve de ser feita depois que o presidente sofreu uma hemorragia. Durante as duas semanas de internação, as atenções se voltaram à saúde de Fidel e à sucessão em Cuba. Aliados e opositores especulam sobre o real estado do presidente, já que nenhum boletim médico foi divulgado desde então. Os principais aliados de Fidel protestam contra a tentativa dos Estados Unidos de interferir na política ilha. Manifestações pró-Fidel foram feitas nas ruas de Havana, grupos de artistas e acadêmicos se pronunciaram a favor do restabelecimento do líder e da continuidade de seu mandato.

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