Fidel escreve, afasta rumores e elogia Obama

Depois de 5 semanas em silêncio, líder fala sobre transição nos EUA

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Por Reuters , Efe e Havana
Atualização:

O ex-presidente cubano Fidel Castro rompeu ontem o silêncio que já durava cinco semanas para elogiar o presidente dos EUA, Barack Obama, e dizer que, "apesar de suas nobres intenções, ainda ficavam muitas questões por responder" depois de seu discurso de posse. A ausência dos tradicionais artigos de Fidel, de 82 anos, no jornal oficial Granma vinha alimentando especulações de que, após submeter-se a uma cirurgia por problemas intestinais em agosto de 2006, estaria com a saúde tão debilitada a ponto de ter de deixar de escrever. O texto de ontem não só afastou os boatos como revelou que o ímpeto do líder cubano de enfrentar os EUA continua o mesmo desde que ele chegou ao poder, há cinco décadas. Fidel, fez questão de dizer que Obama é o "11º presidente desde 1º de janeiro de 1959", data da Revolução Cubana, em vez de referir-se a ele como o 44º presidente americano. "Apesar do imenso poder desse país (os EUA) nenhum deles (os 11 presidentes) conseguiu destruir a Revolução Cubana", disse. O ex-presidente cubano também levantou dúvidas sobre a capacidade de Obama de cumprir metas ambientais. "Como poderia um sistema esbanjador e consumista por excelência preservar o meio ambiente?", perguntou. Em outro artigo divulgado em um site oficial, Fidel assegurou que está bem, mas pediu ao governo que não mude o rumo de suas decisões por causa de sua eventual morte. O líder cubano também disse duvidar de que dentro de quatro anos ainda esteja lúcido e conserve a capacidade de estar atento às notícias e acontecimentos mundiais como até agora. As últimas imagens de Fidel são de 18 de novembro, quando ele recebeu o presidente chinês, Hu Jintao, em Havana. Na quarta-feira, Fidel recebeu a presidente argentina, Cristina Kirchner, mas não foram divulgadas imagens do encontro. Segundo Cristina, Fidel "teve palavras muito positivas para com o presidente Obama. Disse que (Obama) não só tinha uma história muito boa como líder político, mas também era um homem absolutamente sincero". Na terça-feira, o presidente cubano, Raúl Castro, irmão e sucessor de Fidel, disse a jornalistas que Obama "parece um bom homem". Raúl desejou que o novo presidente americano "tenha sorte".

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