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Fidel lidera gigantesca marcha anti-Bush em Havana

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente cubano Fidel Castro encabeçou hoje uma gigantesca manifestação em Havana em protesto contra as últimas ameaças de seu colega americano, George W. Bush, que disse que poderia endurecer o bloqueio contra a ilha e lançar "ataques preventivos" contra países que apóiem tudo o que ele próprio qualifica como "terrorismo" - o que poderia incluir o país caribenho. O governo cubano iniciou uma contra-ofensiva à Casa Branca com concentrações maciças nas três últimas semanas, após Bush ter dito em um discurso em Miami (Flórida), em 20 de maio, que endurecerá o bloqueio econômico a Cuba "se não houver abertura democrática na ilha" e exigir "eleições livres". Nas três últimas concentrações, Fidel falou e criticou o discurso de Bush e a política exterior "hegemônica" dos EUA. Fidel e seu irmão, o chefe das Forças Armadas Revolucionárias (FAR), Raúl Castro, desfilaram à frente de um milhão de pessoas, segundo cifras oficiais, não apenas em protesto contra Bush como também em apoio à solicitação de uma reforma constitucional que consagre como "intocável" o atual sistema socialista. Os manifestantes desfilaram pelo Malecón (avenida à beira-mar) da capital cubana aos gritos de "Viva o socialismo, abaixo as mentiras e liberdade para os heróis", enquanto outras milhares de pessoas se reuniam em 835 marchas e 2.230 atos do gênero em todas as províncias da ilha. Na segunda-feira passada, organizações de massa vinculadas ao Partido Comunista de Cuba (PCC) propuseram à Assembléia Popular (o Parlamento cubano) que ratificasse "os fundamentos políticos, sociais e econômicos que estão consagrados na Carta Magna" e que estabelecem que "Cuba é um Estado socialista". "Cada coisa a seu tempo", replicou hoje durante a marcha o presidente do Legislativo cubano, Ricarto Alarcón, ao ser consultado sobre a aprovação desta reforma na Constituição proposta em 1976. A proposta de reforma voltou à baila quase simultaneamente com outra petição - esta, apresentada por opositores cubanos - para que a Assembléia convoque um referendo para consultar a população sobre liberdades civis. Nem o Parlamento, nem o governo deram resposta oficial ao pedido de plebiscito, que foi apresentado à Assembléia apoiado por mais de 10.000 assinaturas, como exige a lei cubana. Fidel Castro, exibindo seu tradicional uniforme verde oliva e calçando tênis esportivos, esteve à frente da marcha durante 20 minutos, em que percorreu cerca de 1,5 quilômetro, passando diante da sede do Escritório de Interesses dos EUA em Havana. Ao lado de Fidel marcharam vários ministros de Estado e altos funcionários do governo e do Partido Comunista, enquanto Raúl Castro e os comandantes históricos da revolução, também em uniformes verde oliva, continuaram à frente da multitudinária marcha que se prolongou por várias horas. "Esta revolução é intocável; defender o sistema socialista que encheu de glória o povo cubano é a tarefa", repetiam os apresentadores da marcha presentes à "Tribuna Antiimperialista José Martí", construída diante da sede diplomática dos EUA na capital cubana, onde Castro permaneceu por uma hora acompanhando o desfile de seus compatriotas ostentando bandeiras e faixas.

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