Filho da elite japonesa, Hatoyama promete investir no social

Líder oposicionista prometeu mais recursos para saúde e subsídios para agricultores

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Por BBC Brasil
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À primeira vista, Yukio Hatoyama não é muito diferente de Taro Aso, o homem que ele deve substituir no cargo de primeiro-ministro do Japão caso os resultados das projeções de boca-de-urna das eleições de 30 de agosto se confirmem. Tanto Hatoyama quanto Aso vêm de famílias da elite política e industrial do Japão e os dois são netos de primeiros-ministros. A família de Hatoyama foi a fundadora da fábrica de pneus Bridgestone, enquanto a de Aso era dona de uma importante companhia mineradora. Os dois também se graduaram em universidades de elite e passaram um tempo estudando nos Estados Unidos antes de entrarem no Partido Liberal Democrático (PLD). Os caminhos dos dois se desencontraram quando Aso começou a assumir postos importantes no PLD enquanto Hatoyama deixou a agremiação para formar um novo partido. Ao que tudo indica, este novo grupo, o Partido Democrático do Japão (PDJ), venceu, sob a liderança de Hatoyama, as eleições para a Câmara Baixa de 30 de agosto, colocando fim a mais de cinco décadas quase ininterruptas de hegemonia do PLD. Yukio Hatoyama deixou o PLD em 1993. Junto com um pequeno grupo de parlamentares, ele fundou o Novo Partido Sakigate, que era parte de uma coalizão reformista que derrotaria o PLD nas eleições daquele mesmo ano. Hatoyama serviu como subchefe de Gabinete do primeiro-ministro Morihiro Hosokawa, mas um escândalo de financiamento fez com que o governo caísse oito meses depois e o PLD voltasse ao poder. Ele sai então para fundar, junto com outras pessoas, o Partido Democrático do Japão. Inicialmente um partido menor, ele se fundiu com outras três agremiações em 1998, aumentando muito sua popularidade. Em 2002, no entanto, Hatoyama foi obrigado a renunciar à liderança do PDJ após sofrer críticas por planejar a fusão do partido com outros grupos de oposição. Sete anos depois, após a renúncia do antigo líder do PDJ, Ichiro Ozawa, - por relações com um outro escândalo de financiamento - Hatoyama voltou a comandar o partido. Mas desta vez, o PDJ estava fortalecido. A agremiação conseguiu se recuperar da grande derrota nas eleições de 2005, devido, em grande parte, à sucessão de gafes e de renúncias de primeiros-ministros do seu principal rival, o PLD. Em julho de 2007, os eleitores usaram as eleições para a Câmara Alta do Parlamento para mostrar sua insatisfação com o PLD, dando ao PDJ o controle da casa pela primeira vez. A má situação da economia, principalmente, foi fazendo com que mais eleitores ficassem insatisfeitos com o partido do governo. Promessas Durante a campanha para as eleições de 30 de agosto, Hatoyama foi ao encontro dessas demandas da população e prometeu um governo que aumentaria os gastos com benefícios sociais. "Eu quero fazer uma política sob a perspectiva do cidadão, sem deixar nas mãos da burocracia", escreveu no manifesto de campanha. "Eu quero criar uma sociedade horizontal, baseada nos laços humanos". Hatoyama diz que quer aumentar os gastos com saúde, auxílio a crianças e subsídios para agricultores. ele, no entanto, descartou aumentar impostos para isto, fazendo com que fossem levantadas dúvidas sobre de onde ele tiraria os recursos para estes programas. Seus oponentes também afirmam que ele e seu partido não têm praticamente nenhuma experiência de governo, questionando como eles farão para tirar o Japão da crise econômica. Hatoyama, no entanto, se disse pronto para o desafio. Horas depois de as projeções indicarem sua vitória, ele falou sobre sua "missão":  "Esta será uma eleição revolucionária que colocará fim a um governo de burocratas, para colocarmos o foco nas pessoas", disse. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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